16 de mar. de 2014

OS DONS DO ESPÍRITO SANTO

OS DONS DO ESPÍRITO SANTO
Subsídio Teológico
Leitura Bíblica: 1 Co 12.1, 4-11, 28; Ro 12.6-8.
INTRODUÇÃO
Uma das formas de operação do Espírito Santo, na atual dispensação, é através da concessão de dons aos servos do Senhor. Os dons espirituais são dádivas, poderes que o Espírito Santo concede a alguns crentes, a fim de que seja evidenciada, no meio do povo de Deus, a presença do Senhor e seja confirmada a pregação do Evangelho(Mc.16:20), ele próprio poder de Deus para a salvação de todo aquele que nele crê (Rm.1:16). Não podem ser considerados indicativos de santidade, pois são concedidos não por mérito, mas dados “a casa um para o que for útil”(1 Co 12:7, de acordo com a vontade do Espírito Santo.Mas, somente possui dons espirituais aqueles que forem, antes, revestidos de poder. Este princípio bíblico, nem sempre ensinado pelos estudiosos da Bíblia Sagrada, decorre do próprio teor das Escrituras. Não vemos os discípulos exercerem os dons espirituais antes de serem revestidos de poder. Na nossa atual dispensação, é necessário que o Espírito Santo reparta os dons espirituais conforme a Sua vontade entre os crentes, mas somente aqueles crentes que já estiverem envolvidos pelo Espírito, a quem se transmitiu poder, transmissão esta que é feita única e exclusivamente por força do batismo com o Espírito Santo. Todos os crentes que são mencionados como portadores de dons espirituais no livro de Atos dos Apóstolos, são crentes que foram, antes do exercício destes dons, revestidos de poder, batizados com o Espírito Santo. É o que vemos na vida de Pedro, Paulo, Filipe e Estêvão, para ficarmos nos principais exemplos.
No avivamento da rua Azusa, não só houve o revestimento do poder, como o Senhor também concedeu dons a diversos crentes, como tem feito desde então. Preocupante, porém, tem sido a negligência da esmagadora maioria dos crentes pentecostais na atualidade na busca destes dons, uma necessidade premente na Igreja, notadamente quando se aproxima o dia da volta de Cristo, o que faz com que vivamos dias trabalhosos, de aumento da iniqüidade e, portanto, de grande opressão maligna, situação que exige de cada um de nós a obtenção do máximo de poder de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
I - CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Muitos são os que acham que os portadores de dons espirituais são crentes superiores aos demais, que têm um nível maior de espiritualidade e que, em razão disto, desfrutam de uma posição diferenciada no meio da comunidade. Este pensamento, inclusive, tem feito com que muitos crentes andem à procura destes irmãos a fim de que obtenham curas divinas, maravilhas, sinais ou profecias, num comportamento totalmente contrário ao que determina a Palavra de Deus, que ensina que os sinais seguem os crentes e não os crentes correm atrás de sinais (Mc.16:17,20).
Os dons espirituais são chamados, no original grego, de "charismata", palavra que significa "graças", ou seja, os dons espirituais são dádivas, são favores imerecidos que Deus concede aos homens que estão dispostos a servi-lO e que, por obediência, já alcançaram o batismo com o Espírito Santo. A verificação do significado da palavra "charismata" é muito importante, pois demonstra, de forma cabal, que os dons espirituais são concessões divinas, decorrem do exercício da Sua infinita misericórdia, não havendo, portanto, qualquer merecimento, qualquer mérito por parte daqueles que são aquinhoados pelo Espírito Santo com um dom espiritual. O dom espiritual é concedido não porque alguém seja mais espiritual ou melhor do que outro, mas em virtude da soberana vontade do Senhor. Quem o diz não somos nós, mas a própria Palavra de Deus: "Mas um só mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer." (I Co.12:11).
Os Dons espirituais não se confundem com os Dons Ministeriais - A distinção está na própria forma pela qual as Escrituras mencionam e tratam cada uma destas figuras. Enquanto que os dons espirituais são mencionados como sendo repartidos particularmente pelo Espírito Santo, segundo a Sua vontade, para a edificação espiritual dos crentes, para utilidade dos crentes (I Co.12:4-11), os dons ministeriais são tratados como dádivas vindas da parte de Jesus, para o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação da igreja (Ef.4:11,12). Não se trata de operações episódicas, de demonstrações esporádicas e temporalmente limitadas, com vistas a um consolo, uma exortação, o suprimento de uma necessidade ou uma instantânea manifestação do poder de Deus para a igreja e, mesmo, para os não salvos, mas de uma atividade contínua, no meio do povo de Deus, para que a igreja cumpra com suas tarefas neste mundo, quais sejam, a evangelização e o aperfeiçoamento dos salvos, ou seja, os dons ministeriais são dádivas que são concedidas à igreja pelo seu máximo governante, pela sua cabeça que, como comandante-chefe da Igreja, escolhe, dentre os Seus servos, aqueles que devem coordenar, dirigir e orientar o povo de Deus. Através dos dons ministeriais, Cristo concede à Igreja homens que, diuturnamente, estarão servindo ao corpo de Cristo, que serão, eles mesmos, verdadeiros dons para a igreja.
II - EXPLANAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS DONS
1. Dons espirituais de manifestação do Espírito - No meio pentecostal, principalmente entrre os evangélicos da Assembléia de Deus, que ainda acreditam na operação dos dons espirituais, é dito que os dons espirituais são nove, dizer este que se baseia na lista mais completa de dons espirituais que se encontra no Novo Testamento, que se encontra em I Co.12:8-10. Entretanto, além desta relação, que é a mais conhecida e a mais pormenorizada, temos, também, a relação constante de Rm.12:6-8, que não é uma relação tão completa quanto a primeira e que parece misturar dons espirituais com dons ministeriais (até porque o texto não é específico com relação aos dons espirituais como é o anteriormente mencionado). Mesmo se levarmos em consideração apenas a relação de I Coríntios, não podemos nos esquecer de que um dos itens da relação fala dos "dons de curar" (I Co.12:9), dando a entender, portanto, que há mais de um dom de curar, o que torna, também, precário o entendimento de que os dons espirituais sejam apenas nove. Assim, não podemos afirmar com respaldo bíblico que somente haja nove dons espirituais. Entretanto, tal posição bíblica não pode servir de base para que se adicionem outros dons de modo aleatório e sem qualquer respaldo Bíblico, manifestações que, no mais das vezes, não se coadunam com os propósitos e finalidades dos dons espirituais, cuja presença na igreja, inevitavelmente, trará confirmação da pregação do Evangelho, edificação espiritual, consolação, exortação e um maior envolvimento da igreja local com o Senhor e a Sua obra.
Com base na Leitura Bíblica de 1 Co 12:8-10 podemos dividir os dons espirituais em três categorias, a saber:
A) Dons que manifestam o SABER de Deus, ou dons da ciência - são dons dados pelo Espírito Santo para que as pessoas revelem mistérios ocultos aos homens, com a tomada de atitudes e condutas que evidenciem que Deus sabe todas as coisas e que nada Lhe fica oculto. São evidências da onisciência divina no meio do Seu povo. São eles:
A. 1)A palavra da sabedoria (1 Co 12.8). É o dom concedido pelo Espírito Santo a alguns crentes para que dêem, em ocasiões especiais e de forma sobrenatural, palavras orientadoras e que nos fazem sair de situações difíceis. A sabedoria, aqui, é a habilidade de agir ou falar em conformidade com a razão e a moral, com prudência e experiência de vida, com sensatez e equilíbrio. Trata-se não só de uma pessoa que tenha conhecimento (o que é “erudição”), nem tampouco da pessoa que demonstra criatividade e, diante dos recursos existentes, consegue construir algo que lhe dá o máximo de aproveitamento da oportunidade surgida (o que é “inteligência”), mas, sobretudo, a capacidade de associar os recursos, o ambiente, a situação para dela se obter o máximo proveito, não só para si, mas, principalmente, para a glória do nome do Senhor. A sabedoria, como as Escrituras informam, é algo que está além da razão humana, vem diretamente de Deus e tem no temor ao Senhor o seu princípio (Sl.111:10a). É um dom necessário ao pastoreio, na administração e liderança.
A.2)A palavra da ciência (1 Co 12.8). É o dom concedido pelo Espírito Santo a alguns crentes para que tenham conhecimento sobrenatural de coisas. Sem que haja qualquer comunicação natural a respeito de um fato, o Senhor permite ao servo portador deste dom que tenha acesso a fatos e as ocorrências que estavam ocultas, com o propósito único e exclusivo de edificar, exortar e promover o crescimento espiritual de alguém. Vemos, pois, que nada há, neste dom, que o nivele a um mero exercício de adivinhação, como, lamentavelmente, se tem disseminado em muitos lugares. A adivinhação não passa de uma imitação fajuta e irrazoável deste dom, no mais das vezes sendo pura operação maligna (At.16:16), vez que tal prática é abominável aos olhos do Senhor (Lv.20:27; Ez.12:24).
A.3)Discernir os espíritos (1 Co 12.10). É o dom concedido pelo Espírito Santo a alguns crentes para que identifiquem operações espirituais em acontecimentos e fatos do cotidiano. Por intermédio deste dom, percebemos o aspecto espiritual envolvido nas mais diversas e simples ocorrências do dia-a-dia, não nos deixando cair nos laços do adversário, bem como nos precavendo até aquele grande dia, cuja proximidade também é resultado do nosso discernimento espiritual. É importante observar, como vimos na lição 13 do trimestre anterior, que o dom do discernimento é uma identificação súbita e momentânea, numa determinada situação, da operação espiritual, não se confundindo com o discernimento corriqueiro que todo cristão deve ter, por estar em comunhão com o Senhor e ter em si o Espírito Santo que o orienta a cada dia.
B) Dons que manifestam o PODER de Deus - são dons dados pelo Espírito Santo para que as pessoas efetuem demonstrações sobrenaturais do poder divino, com a realização de milagres, de maravilhas e de coisas extraordinárias, que confirmem a soberania de Deus sobre todas as coisas e a Sua presença no meio da igreja. São evidências da onipotência divina no meio do Seu povo.
B.1) Fé (1 Co 12.9). É o dom concedido pelo Espírito Santo a alguns crentes para que alguém tenha uma fé especial, pela qual se fez, num instante, algum sinal ou prodígio específicos. Esta fé extraordinária, que se aproxima daquela do “grão de mostarda” de que disse Jesus (Mt.17:20), permite a realização de algo igualmente inexplicável por parte do cristão, num momento, para a glorificação do nome do Senhor.
B,2) Dons de curar (1 Co 12.9). Literalmente, "dons de curas". São dons de manifestação de poder sobrenatural pelo Espírito Santo para a cura das doenças do corpo, da alma e do espírito, dos crentes quanto dos incrédulos. Não devemos confundir os dons de curar com o sinal de cura de enfermos, que se trata de uma operação divina feita para a confirmação da pregação do Evangelho. Os dons de curar são repartidos pelo Espírito Santo especificamente a alguns, enquanto que, na operação de cura, Deus Se manifesta para confirmar a Sua Palavra.
B.3) Operação de maravilhas (1 Co 12.10). São operações de milagres extraordinários e espantosos pelo poder de Deus, para despertar e convencer os incrédulos. É o dom concedido pelo Espírito Santo a alguns crentes para que eles operem milagres, operações sobrenaturais distintas da cura de enfermidades. A Bíblia ressalta que, pelas mãos de Paulo, maravilhas extraordinárias eram realizadas (At.19:11). O milagre ou maravilha é um acontecimento cuja explicação foge à razão humana, é uma intervenção divina direta no curso das coisas, que contraria as próprias leis naturais.
C ) Dons que manifestam a MENSAGEM de Deus, ou dons de locução ou de fala ­­­- são dons dados pelo Espírito Santo para que as pessoas sejam instrumentos da voz do Senhor, para que o Espírito Santo demonstre que Se comunica com o Seu povo. São evidências da onipresença divina no meio do Seu povo, uma presença que nos faz descansar e que nos traz edificação.
C.1)Profecia (1 Co 12.10). É um dom de manifestação sobrenatural de mensagem verbal pelo Espírito, para a edificação, exortação e consolação do povo de Deus (1 Co 14.3). A profecia é uma demonstração de que Deus está conosco a todo instante e que compartilha de nossos sentimentos, fazendo questão de lhos manifestar para que, sentindo a Sua compaixão, ajamos de acordo com a Sua vontade. A profecia, também, é uma forma de os incrédulos perceberem a presença de Deus e, ante esta percepção, terem o devido temor, que poderá lhes levar à conversão (I Co.14:22-25). Além do mais, como já dissemos supra, a profecia é necessária para impedir a corrupção do povo de Deus. Apresenta-se, assim, como uma verdadeira manifestação de alívio e de descanso ao crente que, revigorado pela profecia, tem alento para prosseguir na sua caminhada rumo ao céu.
C.2)Variedade de línguas (1 Co 12.10). É o dom concedido pelo Espírito Santo a alguns crentes para que falem em línguas estranhas, de forma sobrenatural, para o fim de edificação própria de quem fala. É o dom mais disseminado no meio do povo de Deus, até porque é, também, aquele que é mais buscado.
O dom de línguas não se confunde com o sinal do batismo com o Espírito Santo. O sinal do revestimento de poder é o falar em línguas estranhas, mas o dom de variedade de línguas é algo diverso, pois se trata de uma comunicação que se estabelece em mistério entre Deus e o homem, uma comunicação direta do espírito humano com o Espírito de Deus, tanto que o intelecto humano dele não participa. Sua finalidade, como vimos, é promover a edificação espiritual individual daquele que fala.
C.3)Interpretação das línguas (1 Co 12.10). É o dom concedido pelo Espírito Santo a alguns crentes para que interpretem as línguas estranhas faladas por eles ou por outros, para o fim de que a mensagem edifique também a igreja e não apenas quem está falando em línguas. Não se trata de "tradução de línguas", mas de "interpretação de línguas". Tradução tem a ver com palavras; interpretação com mensagem. É, por isso, que o apóstolo Paulo aconselha que quem tem o dom de variedade de línguas busque o dom de interpretação (I Co.14:13), pois, assim fazendo, a sua edificação individual se tornará coletiva, além do que seu entendimento também será enriquecido com a sua edificação espiritual. Partir-se-á de uma operação íntima, da qual nosso intelecto não participa, para uma operação que trará fruto para a igreja e para a própria alma do que fala em língua estranha.
Entretanto, é com pesar que verificamos que este dom é um dos que menos se apresenta na igreja na atualidade, o que causa grande prejuízo espiritual. Se hoje muitos se surpreendem com o fato de grupos idólatras estar falando em línguas estranhas e se existe muita mistificação e falsificação do dom de línguas nas nossas próprias igrejas locais, na atualidade, isto se deve, em grande parte, a esta negligência na busca do dom de interpretação de línguas, pois se o dom de interpretação estivesse tão ativo quanto o dom de variedade de línguas, identificaríamos as falsificações e as imitações demoníacas não causariam tanto abalo na fé de muitos como têm causado.
Observamos, portanto, que cada dom espiritual tem uma finalidade específica no meio do povo de Deus, tem um propósito, que é o de dar condições para que o crente prossiga a sua jornada em direção a Jerusalém celestial. Tem-se, portanto, no exercício dos dons espirituais, uma inequívoca demonstração do poder de Deus (I Co.2:4), mas sem qualquer oportunidade de exibicionismo ou de glorificação humana, mas única e exclusivamente para a glória de Deus e para pregação do Cristo crucificado (I Co.2:2). É com base nesta peculiar circunstância que podemos identificar e repudiar todas as inovações que hoje contagiam muitas igrejas locais, em especial os “novos dons” e a tão desejada e nunca explicada “nova unção”.
Observamos que, na relação dos dons espirituais, não há o chamado “dom de revelação” ou “dom de visão”, “dons” que são constantemente mencionados e considerados no meio de alguns integrantes do povo de Deus que não têm o costume de ler e meditar na Palavra de Deus. O “dom de revelação”, na verdade, é o dom da palavra da ciência, não podendo ser confundido, como já dissemos, com verdadeiras adivinhações que têm perturbado o povo de Deus nos nossos dias. Deus não tem qualquer propósito de fazer com que alguns de Seus servos sejam “adivinhos”, pois Ele abomina a adivinhação, que é típica operação maligna. A revelação de fatos ocultos tem tão somente o propósito de edificar o povo de Deus, jamais de envergonhar quem quer que seja. Já o chamado “dom de visão” não tem qualquer respaldo bíblico. É verdade que existe a operação de visão, uma operação divina em que Deus mostra algo para algum servo Seu, mas também com o propósito de proporcionar a edificação de quem vê ou da igreja, jamais para devassar a intimidade ou envergonhar alguém.
2. Dons espirituais de ministérios práticos (Rm 12.6-8). Além dos dons espirituais propriamente ditos, que são manifestações do poder de Deus, momentâneas e esporádicas, para edificação, exortação e consolação dos crentes, o Espírito Santo, também, concede à Igreja os chamados “dons de serviço” ou “dons assistenciais”, ou ainda,“dons espirituais para ministérios práticos”, que são dádivas concedidas para o exercício contínuo dos crentes, mediante ações que gerem boas obras para a glorificação do nome do Senhor (Mt.5:16). A relação de Rm.12:6-8 envolve sete dons, dos quais analisaremos apenas os seis considerados “assistenciais”, visto que a profecia, como já dissemos, embora esteja na lista, deve ser considerada ou um dom espiritual propriamente dito, ou um dom ministerial.
a) Ministério (Rm 12.7). Consiste na “…disposição, capacidade e poder, dados por Deus, para alguém servir e prestar assistência prática aos membros e aos líderes da igreja, a fim de ajudá-los a cumprir suas responsabilidades para com Deus (cf. At.6:2,3)…” (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, nota a Rm.12.7, p.1722). Nos dias em que vivemos, onde muitos só querem “ser cabeça e não cauda”, a disposição para ser ajudante, assistente, adjunto, coadjutor é muito pequena entre muitas pessoas. No entanto, quando vemos a biografia dos grandes homens de Deus, sempre verificamos que eles não estavam sós e que seus ministérios dependiam, sempre, de pessoas que estavam dispostas a ajudá-los. Moisés tinha Arão, Hur e Josué; Davi, Joabe, Abisai e seus valentes; Salomão, uma equipe ministerial de primeira linha; Elias, Eliseu e Eliseu, por sua vez, o seu moço; Jeremias, Baruque e o próprio Senhor Jesus, os discípulos, incluídas aí as mulheres que acompanhavam Jesus em Seu ministério (Lc.8:3). Saibamos valorizar aqueles que ajudam e os que são chamados a ajudar não se sintam menosprezados, pois seu papel é fundamental para o sucesso daquele que é ajudado.
Àqueles que são chamados para servir, para ajudar, manda o apóstolo que, efetivamente, ajudem, que sirvam, que auxiliem. É com tristeza que temos verificado, a cada dia, que, nas igrejas locais, aqueles que são postos como auxiliares não o fazem, ostentam apenas uma denominação de “vice-superintendente”, “professor assistente”, “segundo secretário”, “segundo tesoureiro”, “regente auxiliar”, “vice-líder” e assim por diante, mas que, no momento da ajuda, não comparecem, não são assíduos e não demonstram sentido algum de responsabilidade, justificando que “estão ali apenas para ajudar, se for necessário”, confundindo ajuda com substituição. Paulo é bem claro ao mostrar que os que têm o dom de ministério devem fazê-lo, ou seja, devem estar dispostos a ajudar, a auxiliar, não apenas substituir na falta ou na impossibilidade. Ajudar não é substituir, muito menos suceder, mas estar ao lado e disposto a fazer o que for necessário, mesmo na presença de quem é o responsável. Será que temos cumprido o encargo da ajuda?
b) Ensinar (Rm 12.7). É o dom espiritual de ensinar, tanto na teoria, como na prática; ensinar fazendo; ensinar a fazer e a entender. Não confundir com o ministério de ensino de Efésios 4.11 e Atos 13.1.
Este dom é “…a disposição, capacidade e poder dados por Deus para o crente examinar e estudar a Palavra de Deus, e de esclarecer, expor, defender e proclamar suas verdades, de tal maneira que outras pessoas cresçam em graça e em piedade…” (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, nota a Rm.12:7, p.1722). O ensino foi posto pelo Senhor Jesus ao lado da evangelização como tarefa primordial da Igreja sobre a face da Terra (Mt.28:19,20), até porque o ministério terreno de Cristo pode ser resumido a duas tarefas: fazer e ensinar (At.1:1). Isto nos mostra como é importantíssimo este dom ministerial na Igreja, pois a falta de conhecimento gera a destruição do povo (Os.4:6). Não é por outro motivo que não se concebe que alguém seja separado para o episcopado sem que tenha condições para ensinar (I Tm.3:2), característica que sempre deve existir na vida de um obreiro (II Tm.2:24).
Infelizmente, muitos são os ministros que não têm aptidão para o ensino, o que é uma lástima e um retrocesso na igreja, algo que não se pode justificar com o crescimento quantitativo e que, por causa do descaso para com o ensino, jamais poderá se tornar em crescimento qualitativo do povo de Deus. A falta de ensino leva à destruição do povo de Deus e é preciso acordarmos para isso. As heresias e os modismos têm encontrado guarida em nosso meio por causa deste menosprezo a que tem sido relegado o ensino em nossas igrejas locais. Despertemos enquanto é dia, antes que seja tarde demais!
c) Exortar (Rm 12.8). Exortar aqui, é como dom: ajudar, assistir, encorajar, incentivar, estimular, animar, consolar, unir pessoas separadas, admoestar. Na vida terrena, temos, sempre, aflições, como nos disse o Senhor Jesus, mas é necessário que tenhamos sempre bom ânimo. Este ânimo é dado pelo Senhor e, portanto, é fundamental que as pessoas a quem o Senhor tem concedido este dom o exercitem, de modo a impedir que os crentes sejam tomados pelo desânimo, em especial nos instantes de aumento da iniqüidade como os vividos pela Igreja neste período imediatamente anterior à vinda do Senhor.
O bom ânimo, a disposição é fundamental para que se faça algo na obra do Senhor. Quem nos mostra é o próprio Deus, que deu palavras de ânimo a Josué antes que se iniciasse, efetivamente, a sua gestão diante do povo de Israel(Js.1:6), como também o conselho que Davi, homem segundo o coração de Deus, ministrou a seu filho Salomão, pouco antes de morrer e após ter mandado aclamá-lo como novo rei sobre Israel(I Cr.22:13; 28:20) ou palavras de Jesus em algumas ocasiões (Mt.9:2,22; Mc.6:50; Lc.8:48). Paulo, mesmo, usou deste dom no retorno às igrejas que fundara ao término da sua primeira viagem missionária (At.14:22).
d) Repartir (Rm 12.8). O sentido é doar generosamente, oferecer; distribuir aos necessitados sem esperar recompensa ou reconhecimento, movido pelo Espírito. Este dom ocupa-se da benevolência, beneficência,humanitarismo, filantropia, altruísmo.
Jesus disse que sempre haveria pobres sobre a face da Terra (Jo.12:8), não fugindo desta realidade nem mesmo aqueles que pertencem à igreja, como nos mostra o episódio que levou à criação do diaconato (At.6:1-3). Desde o início da história da igreja, havia aqueles que padeciam de necessidades para sobreviver (cf. At.2:45; 4:35). Se é verdade que Deus tem promessa de que o justo não será desamparado e que sua descendência não mendigará o pão (Sl.37:25), isto se deve, em grande parte, ao fato de que o Senhor, na igreja, proporciona aqueles que repartem o que têm com quem tem necessidade.
A função de assistência social na Igreja é uma das suas pedras de toque e, sem dúvida, uma das formas mais poderosas de demonstrarmos, ao mundo, a nossa diferença e o amor de Deus que está em nossos corações.
O apóstolo Paulo determina que a repartição se dê com liberalidade, de modo generoso, sem mesquinhez, sem avareza. Além de termos poucos repartidores na atualidade, quando este dom é encontrado, está muito aquém da medida recalcada e sacudida, que é a forma como Deus nos abençoa (Lc.6:38). Já imaginaram se Deus fosse tão mesquinho conosco como, às vezes, temos sido na ajuda aos necessitados?
e) Presidir (Rm 12.8). Aqui, o apóstolo fala-nos do governo na igreja, mostrando que, apesar de Cristo ser a cabeça da igreja, Ele constitui servos Seus para presidirem sobre o Seu povo.
Infelizmente, muitos, nos nossos dias, não se comportam segundo este modelo bíblico. Presidem como se fossem verdadeiros soberanos do mundo, querendo que tudo e todos estejam à sua disposição, criando estruturas que não diferem em coisa alguma das estruturas dos que “…julgam ser príncipes das gentes, [que] delas se assenhoreiam e os seus grandes usam de autoridade sobre elas” (Mc.10:42). Acham que têm domínio sobre o rebanho, esquecendo-se que este rebanho é de Deus (I Pe.5:3), comportamento que leva a uma série de distorções e desvios, com enorme prejuízo espiritual.
Na “presidência”, o dirigente da igreja local deve agir sempre com cuidado (Rm.12:8), até porque está a tratar e administrar algo que não lhe pertence, que é a Igreja de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Por causa deste cuidado, deve, como afirma o apóstolo, admoestar os crentes, ou seja, é preciso que os dirigentes das igrejas locais advirtam, instruam os crentes. A primeira e principal tarefa do “governante” é o de ensinar o povo, de adverti-lo a respeito de como deve agir enquanto aguarda Jesus. Todo “governante” deve ser, antes de mais nada, um mestre e é por isso que um dos requisitos para a separação de obreiros é o da aptidão para ensinar (I Tm.3:1). Lamentavelmente, nos nossos dias, cada vez mais pessoas despreparadas têm sido, imprudentemente, conduzidas à frente de igrejas locais (quando não se conduzem a si próprias), causando enormes prejuízos para o trabalho de evangelização e de aperfeiçoamento dos santos, em suma, para o trabalho da igreja.
A função do “governante” da igreja local, portanto, é estar à frente do povo, é ser o primeiro dos crentes na linha de combate contra o pecado e contra o mal.
 “Presidir”, portanto, não é dominar sobre o povo, mas estar à sua frente, ensinando-lhe por onde e para onde deve ir. Por isso, Pedro adverte os presbíteros para que não agissem como se tivessem domínio sobre a herança do Senhor (I Pe.5:3).
f) Exercitar misericórdia (Rm 12.8). É o dom de transformar em ações, em atitudes concretas o bem que desejamos a alguém. Misericórdia é o amor posto em ação, é a bondade tornada em ação concreta. Como diz o apóstolo Tiago, como podemos dizer que amamos alguém se não suprimos as suas necessidades (Tg.2:14-17), pois o amor não é amor de palavras, mas amor de obras (I Jo.3:16-18).
A prática da bondade é um elemento indispensável na vida do crente, que deverá fazê-lo não só individualmente, como mostra o testemunho eloqüente de Barnabé no livro de Atos dos Apóstolos, como também coletivamente, como dão exemplo robusto as igrejas locais dos tempos apostólicos, seja a igreja de Jerusalém, sejam as igrejas em Corinto, na Acaia, ou na Macedônia. O próprio Jesus, em Seu ministério, tinha um grupo de pessoas que cuidavam dos pobres, tanto que havia uma bolsa, que ficava a cargo de Judas Iscariotes, para esta finalidade (Jo.12:4-8).
O exercício do dom de misericórdia deve ser feito com alegria. De nada adianta gastarmos todas as nossas finanças em benefício dos pobres ou necessitados ou, mesmo, horas a fio de nosso tempo, para ouvir as pessoas, dar-lhes companhia e conforto, se o fizermos por obrigação, por necessidade, sem alegria, sem prazer. Qualquer doação material feita por necessidade é apenas um gasto, uma despesa, sem qualquer valor na dimensão espiritual, como também o uso de horas numa “obra de misericórdia espiritual” nada mais será que perda de tempo. Se, porém, fizermos com alegria, seremos agradáveis ao Senhor, porque Ele ama a quem dá com alegria (II Co.9:7).
3. Dons espirituais na área do ministério. Esses dons são enumerados em Efésios 4.11 e 1 Coríntios 12.28, 29, a saber: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores, doutores ou mestres.São os dons Ministeriais propriamente dito.
Esses dons ministeriais têm, por finalidade, trazer maturidade espiritual aos crentes, prepará-los convenientemente para o exercício das tarefas cometidas pelo Senhor a cada um deles. Os dons ministeriais, ao contrário dos dons ditos “assistenciais”, visam criar condições nos outros crentes para que eles, sim, exerçam o dom “assistencial” que recebeu do Espírito Santo.
Devemos distinguir os dons ministeriais dos “títulos ministeriais” ou dos “cargos eclesiásticos”. Nos nossos dias, muitos têm confundido estas duas coisas, que são completamente diferentes. O dom é uma dádiva de Cristo, é um dom que vem diretamente do Senhor para o crente, dom este que é percebido pelo crente através da comunhão que tem com Deus e pela presença do Espírito Santo na sua vida e que independe de qualquer reconhecimento humano, mesmo da igreja local. Já os “títulos ministeriais” e os “cargos eclesiásticos”, são posições sociais criadas dentro das igrejas locais, posições estas que, em sua nomenclatura, muitas vezes estão baseadas na relação de Ef.4:11, como a indicar que o seu ocupante tem o referido dom ministerial, mas que, nem sempre, corresponde a este dom. Como a igreja local, via de regra, é também uma organização humana, acabam sendo criados “títulos” e “posições” com o propósito de esclarecer a hierarquia administrativa, a própria estrutura de governo da organização eclesiástica, dados que, se apenas refletem uma necessária ordem que deve existir em todo grupo social, nada tem que ver, a princípio, com os dons ministeriais.
São cinco os dons elencados em Ef 4:11, a saber:
a) O dom Ministerial de “Apóstolo” – A palavra apóstolo” significa “enviado”, nome pelo qual se designaram os doze integrantes do grupo mais próximo a Jesus, pessoas que foram especialmente chamadas pelo Senhor para dirigir o início da obra da evangelização do mundo (Mc.3:13-15). Nota-se, portanto, que o dom ministerial de apóstolo tem a ver com o desbravamento do trabalho evangelizador da Igreja, com o estabelecimento das bases para a evangelização de uma parte do mundo.
Sendo um dom ministerial, uma operação de Cristo, feita pelo Espírito Santo, na igreja, temos de admitir que se trata de um dom que persiste nos nossos dias, mas não devemos nos esquecer que o dom de apóstolo nada tem que ver com os “títulos” que se têm dado na atualidade e que, se alguma base bíblica tem, só pode ser a referência de II Co.11:13.
 “…no NT o termo [apóstolo, observação nossa] se refere a um mensageiro nomeado e enviado como missionário ou para alguma outra responsabilidade especial (…). Eram homens de reconhecida e destacada liderança espiritual, ungidos com poder para defrontar-se com os poderes das trevas e confirmar o Evangelho com milagres. Cuidavam do estabelecimento de igrejas segundo a verdade e pureza apostólicas. Eram servos itinerantes que arriscavam suas vidas em favor do nome de nosso Senhor Jesus Cristo e da propagação do evangelho(…). Eram homens de fé e de oração, cheios do Espírito.(…). Apóstolos, no sentido feral, continuam sendo essenciais para o propósito de Deus na igreja. Se as igrejas cessarem de enviar pessoas assim, cheias do Espírito Santo, a propagação do evangelho em todo o mundo ficará estagnada. Por outro lado, enquanto a igreja produzir e enviar tais pessoas, cumprirá a sua tarefa missionária e permanecerá fiel à grande comissão do Senhor…” (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. Dons ministeriais para a igreja (estudo). p.1814).
b) Dom ministerial de PROFETA - Quando se fala em profecia, é preciso distinguir, em primeiro lugar, o sentido que assume esta palavra nas Escrituras, porquanto temos, ao longo da história da salvação, três manifestações distintas sob este nome, a saber, o ofício profético, o ministério profético e o dom espiritual de profecia (este último já estudado no item I.C).
O ofício profético inicia-se, segundo alguns, com Abraão, que é a primeira pessoa denominada de profeta nas Escrituras (Gn.20:7), mas que, segundo outros estudiosos da Bíblia, este ofício fora iniciado com Enoque, vez que Judas menciona ter ele profetizado (Jd.14). O ofício profético teve como característica principal o da revelação progressiva do plano de Deus para com o homem. O profeta era o porta-voz de Deus, aquele que revelava o desconhecido à humanidade, o propósito divino para a restauração do homem. Neste sentido, o ofício profético durou até João (Mt.11:13), pois, com a vinda de Cristo, o próprio Deus Se revelou ao homem, de forma plena e integral (Hb.1:1). São, pois, totalmente espúrias e sem qualquer respaldo bíblico a aparição de novos profetas, que nada mais são que falsos profetas, como é o caso de Maomé, Joseph Smith, Reverendo Moon e tantos quantos se disserem complementadores da revelação de Cristo ao mundo.
O ministério profético, por sua vez, foi instituído por Cristo (Ef.4:7,11), para a Igreja, com o propósito de ser o porta-voz de Deus não mais para a revelação do plano de Deus ao homem, mas para trazer mensagens divinas ao Seu povo no sentido de encorajar o povo a se manter fiel à Palavra e para nos fazer lembrar as promessas contidas nas Escrituras. No Novo Testamento, o profeta não irá acrescer nada do que foi revelado e se completou no ministério de Cristo, mas trará informações e palavras que confirmam o que já foi revelado. Ao vermos os profetas do Novo Testamento, sempre verificamos o propósito divino de manter os crentes firmes e certos de que o Senhor está no controle de todas as coisas, para o fim de velar sobre a Sua Palavra para a cumprir. É o que se vê em At.11:28 e 21:11.
c) O dom Ministerial de Evangelista - é o dom de ganhar almas para Cristo e de instruí-las nas doutrinas fundamentais da vida espiritual (Hb.6:1,2), a fim de que, superada a fase inicial, possam prosseguir por conta própria na caminhada para o céu. A principal característica do evangelista é, portanto, a de que é um instrumento de Deus para trazer as pessoas ao encontro pessoal com Cristo e de criar as condições mínimas para a estruturação da vida espiritual. É o anunciador das boas-novas da salvação, aquele que está na linha de frente do “ide” de Jesus.
d) O dom Ministerial de PASTOR - é o dom de apascentar o rebanho do Senhor, ou seja, de cuidar e acompanhar o desenvolvimento espiritual dos crentes até o dia do arrebatamento da Igreja ou da promoção do crente para a glória. O pastor não é o dono do rebanho (I Pe.5:2), que pertence a Deus, devendo cuidar dele, levando-o a ter uma boa alimentação, mediante a exposição da Palavra de Deus, que é o alimento espiritual, bem assim apontando a direção que os crentes devem caminhar, utilizando-se, para tanto, da vara, que, ao contrário do que se pensa, não é um instrumento para ferir ou castigar a ovelha, mas um mecanismo pelo qual o pastor encaminha a ovelha para o caminho certo, sem falar que também serve para medir a ovelha e, assim, aferir a sua saúde e desenvolvimento. Além disto, o pastor, também, deve usar o cajado, que é um instrumento feito para retirar a ovelha dos “becos sem saída” da vida, dos lugares aonde foi e de onde não consegue sair por força própria. O pastor, por fim, é alguém que deve mostrar aos demais crentes a sua fé e a sua maneira de viver, a fim de que elas sejam imitadas pelos demais (Hb.13:7).
e) O dom Ministerial de Mestre ou Doutor - é o dom de ensino do povo de Deus, dom qque, a um só tempo, se constitui tanto em um dom assistencial, como vimos supra, como também em um dom ministerial propriamente dito, o que mostra a sua importância, vez que tanto é uma tarefa que deve ser levada a efeito pelo seu portador, como também dá condições a que os demais cresçam espiritualmente. É importante salientar que o texto sagrado fala do dom de Mestre em conjugação com o dom de Pastor, a nos indicar que quem tem o dom de pastor terá, necessariamente, o de mestre, embora o contrário possa não se dar. Por isso, um dos requisitos para a separação ao ministério é o de ser apto para ensinar (I Tm.3:2.
III - CONCLUSÃO
A posse dos dons espirituais é, sem dúvida, uma grande bênção que Deus nos dá, é mais um talento concedido pelo Senhor aos Seus servos, é mais uma ferramenta que é colocada à disposição da Igreja através de um vaso escolhido. Indubitavelmente, devemos, como servos do Senhor, buscar os dons espirituais, pois eles indicam que há um crescimento espiritual do seu detentor, mas por vontade e misericórdia de Deus, para a Sua glorificação e a edificação espiritual do povo de Deus, que é a menina dos olhos do Senhor (Zc.2:8). Quem recebe um dom espiritual deve estar consciente que, em razão deste dom, não foi feito melhor dos que os demais irmãos, mas, bem ao contrário, foi-lhe dada uma responsabilidade ainda maior, de forma que deverá, sempre, usar este dom conforme a vontade do Senhor e de acordo com as Escrituras, pois deve sempre exercer este dom para a glória do nome do Senhor. O dom deve ser usado livre de escândalos, engano, falsificação, mas dentro da decência e da ordem que a Palavra de Deus preceitua (1 Co 14.26-40).
--------
Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD/Assembléia de Deus –Ministério Bela Vista/Fortaleza-CE.
----------
Fonte de Pesquisa: PORTAL EBD - Comentário Bíblico do Prof. Dr. Caramuru Afonso Francisco, Prof Antonio Sebastião da Silva; Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia De Estudo Pentecostal. Revista Ensinador Cristão.


O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO

O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO
Subsídio Teológico
Leitura Bíblica: Lc 24.49, 52; At 2.1-4.
INTRODUÇÃO
O batismo com o Espírito Santo é uma promessa de Deus feita no Antigo Testamento(Jl 2:28-32) e cumprida no Novo Testamento(At 2:1-4), e permanece em nossos dias.É um revestimento de poder, com a evidência física inicial das línguas estranhas para o ingresso do crente numa vida de profunda adoração e eficiente serviço a Deus (Lc 24.49; At 1.8; 10.46; 1 Co 14.15, 26). Essa promessa é concedida a todos os que crêem em Cristo, e não há qualquer versículo no Novo Testamento que comprove que essa experiência ficou restrita à época dos discípulos. É algo a ser vivenciado pela Igreja em nossos dias.
Não podemos confundir o batismo com Espírito Santo com o batismo descrito em 1 Co 12.13; Gl 3.27; Ef 4.5. Nestes textos sagrados, trata-se de um batismo figurado, apesar de real. Todos aqueles que experimentaram o novo nascimento (Jo 3.5)são   imersos no corpo místico de Cristo (Hb 12.23; 1 Co 12.12ss). Nesse sentido, todos os salvos são batizados pelo Espírito Santo, mas nem todos são batizados com o Espírito Santo. A experiência do novo nascimento e do Batismo com o Espírito Santo são distintas, sendo que esta última deve ser, necessariamente, antecedida da primeira, ou seja, o batismo com o Espírito Santo é uma experiência que se segue à conversão na vida espiritual do crente. Após ter nascido de novo, o homem tem à sua disposição a possibilidade de ser revestido de poder, de receber poder divino para que, assim, possa, de uma forma plena e eficaz, ser testemunha de Jesus Cristo neste mundo.
I.  A PROMESSA DO BATISMO E O SEU CUMPRIMENTO
A maior parte dos chamados evangélicos tradicionais (ou reformados), ou seja, as denominações evangélicas surgidas durante a Reforma Protestante, movimento de renovação espiritual surgido a partir do século XV na Europa e que teve, entre outros, grandes expressões nas figuras de Martinho Lutero e João Calvino, não aceitam que o batismo com o Espírito Santo seja uma realidade para os nossos dias. Argumentam que o derramamento do Espírito Santo foi um acontecimento restrito ao dia de Pentecostes ou, quando muito, aos tempos apostólicos, algo como a própria inspiração do Espírito Santo que resultou na elaboração do Novo Testamento. Entretanto, este entendimento não pode ser aceito, porque não tem respaldo bíblico, pois a Bíblia diz que no dia de Pentecostes, Pedro já dá a amplitude desta operação do Espírito Santo, ao invocar a profecia de Joel a respeito do derramamento do Espírito. O texto sagrado deixa-nos bem claro que a promessa estava reservada para os últimos dias, até o grande e glorioso dia do Senhor (At.2:16-20), reforçando, ao término da pregação, que a promessa dizia respeito tanto a judeus quanto a gentios, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar (At.2:39). Pelo que podemos, portanto, concluir, pelas Escrituras, que o batismo com o Espírito Santo é uma manifestação que tem sua duração prevista até o "grande e glorioso dia do Senhor", ou seja, " …o Juízo Final de Deus sobre toda a impiedade, que incluirá a tribulação dos sete anos e a volta de Cristo para reinar sobre a Terra…" (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL).
Não bastasse isso, vemos que um dos objetivos do batismo com o Espírito Santo é a devida preparação para a obra de evangelização, algo que é próprio e característico da dispensação da graça (Lc.24:49; At.1:8). Não eram apenas os discípulos da geração apostólica que deveriam pregar o Evangelho, mas a grande comissão é tarefa de toda a igreja, como nos deixam claro as expressões de Jesus, que são dirigidas a toda a igreja (Mc.16:15 e At.1:8), assim como os ensinamentos de Paulo a este respeito (I Co.9:16; II Tm.4:1,2). Ora, diante disto, temos que o batismo com o Espírito Santo é uma operação que deve perdurar enquanto a igreja estiver pregando o evangelho, o que acontecerá até o final desta dispensação (Mt.24:14; Ap.22:17).
A história da Igreja, ademais, tem comprovado que o batismo com o Espírito Santo não é uma realidade circunscrita aos tempos apostólicos. Durante todos os avivamentos ocorridos nestes dois milênios, tem havido registros da manifestação do batismo com o Espírito Santo. Grandes homens de Deus, mesmo entre os chamados "reformados", mostra-nos a história, receberam esta bênção, como, por exemplo, registra-se na Igreja Morávia, num avivamento ocorrido durante cem anos no século XVIII, avivamento, inclusive, responsável pelo despertamento e conversão de John Wesley (o que alguns metodistas renovados indicam como sendo a experiência pentecostal de Wesley, em 24 de maio de 1738, é, em verdade, a experiência de novo nascimento do grande pregador do Evangelho).
O movimento pentecostal surgido a partir do final do século XIX, de onde surgiram as grandes denominações evangélicas dos nossos dias (entre elas, as Assembléias de Deus), que agora completa cem anos, é apenas um destes avivamentos, ainda que seja o mais duradouro de todos os tempos, mais um sinal da proximidade da volta do Senhor. Diante destes fatos (e contra fatos, não há argumentos), não há como defender que a promessa do batismo com o Espírito Santo seja reservado apenas para os dias apostólicos.
Os resultados vividos pela Igreja a partir do despertamento espiritual experimentado a partir do final do século XIX e o avivamento mais duradouro que se tem notícia desde então, com a evangelização de praticamente todo o mundo, mostra-nos, claramente, que nos encontramos no período da "chuva serôdia" descrita pelo profeta Joel (Jl 2:23), ou seja, que nos encontramos no término da dispensação da graça e que, portanto, como nunca, estamos vendo que o batismo com o Espírito Santo é algo que é indispensável e necessário para que a Igreja cumpra o seu objetivo e para que, juntamente com o Espírito Santo, encontre-se com o Senhor nos ares. Maranata!
A PROMESSA É PARA TODOS? Eu diria que sim, senão vejamos: At 2:38-39 – “...Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar.
Joel 2:28-32 –“E há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne.....”.
No Antigo Testamento, a ação do Espírito Santo era bem específica sobre líderes, profetas, sacerdotes, reis, etc. O povo apenas presenciava a presença do Espírito na vida dos líderes.
Exemplos: Moisés e os Anciãos (Nm 11:16-17- Rei Saul(1Sm 10:6) e Rei Davi, Sansão, Elias e Eliseu, etc. Os reis ao serem ungidos recebiam o poder do Espírito Santo, que era derramado sobre eles. Nos dias de hoje o Espírito Santo não é exclusividade, mas é para todos.
Ao anunciar que os discípulos deveriam aguardar o revestimento de poder, Jesus não fez qualquer restrição a respeito de quem deveria aguardar o batismo com o Espírito Santo. "Ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até do que do alto sejais revestidos de poder" (Lc.24:49), foram as palavras proferidas pelo Senhor, palavras estas que foram ditas, segundo nos dá conta o apóstolo Paulo, há mais de quinhentos crentes, que o ouviam no monte das Oliveiras, neste seu último discurso antes de ascender os céus (cfr. I Co.15:6; At.1:12; Lc.24:50,51). Assim, a promessa foi feita para todos quantos criam em Jesus e professavam Seu nome naquele tempo, ou seja, a toda a igreja então existente.
Isto nos mostra, de modo claro, que não havia qualquer restrição de Jesus, a quem quer que fosse, para que recebesse o batismo com o Espírito Santo, mas que, a exemplo do que acontecera com relação ao novo nascimento, também todos pudessem ter esta mesma experiência.
Lamentavelmente, dos mais de quinhentos que ouviram a promessa, apenas quase cento e vinte perseveraram até o dia de Pentecostes (At.1:15) e, por isso, só estes, naquela oportunidade, foram revestidos de poder. Entretanto, e isto é muito importante, tantos quantos perseveraram e creram nas palavras do Senhor, alcançaram a bênção, mesmo se não eram do colégio apostólico (então com onze integrantes, tendo sido escolhido Matias para complementação do número original), se eram homens ou mulheres (sim, mulheres também estavam entre os que foram batizados com o Espírito Santo(cfr. At.1:14), se eram crentes antigos (como os primitivos discípulos, como Pedro, João e André) ou se eram crentes recentemente convertidos (como os irmãos de Jesus, que se converteram apenas depois da ressurreição do Senhor, cfr. I Co.15:7). A vontade de Jesus é batizar a tantos quantos creiam na promessa e nela perseverem.
A promessa do Derramamento do Espírito Santo seria Dentro e Sobre a pessoa. Estas duas situações mostram a diferença entre receber o Espírito Santo e receber o Batismo no Espírito Santo.

DENTRO - para regeneração/conversão(Receber o Espírito Santo)

Ez 36:26-27 – “Dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro em vós um espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei um coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis.”Veja também 1 Co 12.13; Gl 3.27; Ef 4.5.
Esta promessa está falando de conversão, regeneração. No dia em que você aceitou Jesus no seu coração, como Senhor e Salvador de sua vida, o Espírito de Deus veio habitar dentro de você. É Ele que te convence do pecado...
Cumprimento da promessa: Jo 20: 19-22.
SOBRE - para revestimento de poder (Receber o Batismo no Espírito Santo)
Mt 3:11 – “Eu vos batizo com água, para arrependimento. Mas após mim vem aquele que é mais poderoso do que eu..... Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.”

Cumprimento da promessa – At 2:4.

SE A PROMESSA É PARA TODOS, ENTÃO QUALQUER PESSOA, MESMO OS CARISMÁTICOS CATÓLICOS PODEM RECEBER O BATISMO COM O ESPIRITO SANTO? Com certeza, não. O novo nascimento é um ato sobrenatural indispensável para que ingresse no reino de Deus. A soberania de Deus na vida de alguém somente se inicia quando este alguém nasce de novo, e, nascer de novo, exige a atuação conjugada da Palavra de Deus e do Espírito Santo, bem como a aceitação do homem para que esta atuação se faça.
Esta experiência, também chamada de regeneração (ou seja, nova geração), conversão ou salvação (em sentido estrito, pois a salvação abrange outros aspectos além deste), é uma operação do Espírito Santo e tem, como objetivo, a remoção dos pecados e o estabelecimento de uma vida espiritual, ou seja, de uma comunhão entre Deus e o homem.
Após ter ressuscitado, Jesus apresentou-Se, durante espaço de quarenta dias, aos Seus discípulos (At.1:3). Numa destas vezes, João diz-nos que o Senhor assoprou sobre os discípulos, dizendo para que eles recebessem o Espírito Santo (Jo.20:22), afirmação que mostra que o Senhor estava restabelecendo a comunhão entre Si e os discípulos, que O haviam abandonado por ocasião dos fatos relativos à Sua paixão e morte. Esta expressão de Jesus, única nos evangelhos, existe, exatamente, para nos deixar explícito que a conversão, embora seja obra do Espírito Santo, não se confunde com o revestimento de poder. Os discípulos que se encontravam no cenáculo tiveram esta experiência da regeneração na tarde do domingo da ressurreição, enquanto que só seriam batizados com o Espírito Santo no dia de Pentecostes, ou seja, cerca de quarenta e sete dias depois.
Quando verificamos as narrativas bíblicas referentes a batismo com o Espírito Santo, veremos, sempre, duas características: primeiro, que os batizados já eram convertidos, ou seja, já tinham nascido de novo antes da experiência do batismo com o Espírito Santo; segundo,  que não é possível batismo com o Espírito Santo sem o prévio novo nascimento.
A narrativa do dia de Pentecostes deixa-nos claro que os quase 120 discípulos que se encontravam no cenáculo naquele dia eram todos convertidos e nascidos de novo. Além de ali estarem todos aqueles que receberam o Espírito Santo por um sopro do Senhor na tarde do dia da ressurreição (Jo.20:22) e que, portanto, haviam sido objeto de regeneração, também se encontravam outros que, como anunciara alguns dias antes o apóstolo Pedro, eram "irmãos" (At.1:16) e que, com os doze, haviam "convivido todo o tempo em que o Senhor Jesus entrou e saiu dentre nós, começando desde o batismo de João até o dia que dentre nós foi recebido em cima" (At.1:22). É importante, ainda, observar que o número de irmãos, ou seja, pessoas convertidas e que seguiam a Jesus, era, já nesta época, segundo podemos inferir das palavras de Paulo, mais de quinhentas pessoas (I Co.15:6), mas somente quase cento e vinte alcançaram o batismo com o Espírito Santo. Ao chamar estas pessoas que estavam no cenáculo de "irmãos", Pedro mostra que todos tinham a mesma natureza espiritual, provinham do mesmo Pai, eram filhos de Deus, porque criam em Jesus (Jo.1:12). Eram, ademais, pessoas que eram testemunhas do ministério de Jesus, fruto mesmo deste ministério e que tinham seguido a Jesus e, agora, já estavam aguardando a Sua volta (At.1:9-11), o que caracteriza um sincero e fiel servo do Senhor (II Tm.4:7,8). Temos, portanto, que o número de nascidos de novo, de regenerados, de crentes era diferente do número de batizados com o Espírito Santo no dia de Pentecostes. Assim, nem todo regenerado foi batizado com o Espírito Santo, mas todo batizado com o Espírito Santo havia sido regenerado.
Portanto, as experiências de um suposto “batismo com Espírito Santo” que ocorrem entre os católicos carismáticos, à luz da Palavra de Deus, podemos dizer que se tratam de um novo ardil do adversário de nossas almas (II Co.2:10,11), cujo poder de imitação é imenso e contra o qual temos, sempre, de manter a máxima cautela (II Co.11:14; Gl.1:8; I Tm.4:1). Senão vejamos:
a) o batismo com o Espírito Santo somente advém sobre os nascidos de novo - se o batismo com o Espírito Santo somente advém sobre os nascidos de novo, ou seja, somente quem nasceu da água e do Espírito, temos que só os salvos podem ser batizados com o Espírito Santo. Pode, então, um batizado com o Espírito Santo ser idólatra? Naturalmente que não, pois o novo nascimento é o ingresso para entrar no reino de Deus (Jo.3:3), enquanto que o idólatra é alguém que está do lado de fora deste mesmo reino (Ap.21:8; 22:15). Então, como os carismáticos são idólatras e, mesmo na idolatria, dizem ter recebido o Espírito Santo?
b) o batismo com o Espírito Santo tem como finalidade a concessão de poder para que sejamos testemunhas de Jesus - se o batismo com o Espírito Santo tem como finalidade dar poder aos crentes para que sejam testemunhas de Jesus (At.1:8), pode, então, alguém batizado com o Espírito Santo deixar de ser testemunha de Jesus? Naturalmente que não! Entretanto, os carismáticos, após se dizerem "batizados com o Espírito Santo", alegam que esta experiência os levou a serem mais devotos de Maria. Fazem questão de afirmar que são "filhos de Maria" e, inclusive, por ocasião da festa católica do Pentecostes, realizam seus "cenáculos com Maria". Isso contradiz a verdadeira experiência pentecostal, visto que o batismo com o Espírito Santo visa, além de revestir o crente com poder para testemunhar, também glorificar a Deus, e Deus não divide sua glória com ninguém(Is 43:10,11). Não podemos crer em uma experiência dita “pentecostal” que induz a pessoa à idolatria, pois a mesma é condenada pela Bíblia.
Portanto, as experiências relatadas pelos católicos carismáticos nada têm a ver com o batismo com o Espírito Santo narrado na Bíblia Sagrada.
II - QUAL O OBJETIVO DO BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO? As bênçãos de Deus não são dadas a esmo nem as experiências sobrenaturais colocadas à disposição dos servos de Deus existem por si sós ou para exaltação e soberba dos que a vivenciam. Muito pelo contrário, as experiências proporcionadas por Deus têm como objetivo trazer condições ao Seu servo para que realize os sublimes propósitos divinos, bem como sirvam para a glorificação do nome do Senhor.
O primeiro objetivo de Jesus para batizar os Seus servos com o Espírito Santo é, precisamente, fazer com que o crente possa ser Sua testemunha. É o que verificamos no texto de At.1:8. Alguém só pode ser testemunha de alguém se tiver presenciado o fato, se conhecer a pessoa ou a sua vida e obra. Tanto assim é que a lei brasileira, por exemplo, diz que não pode ser considerada como testemunha aquele que nada souber sobre os fatos que estão sendo analisados num determinado processo (artigo 209, § 2º do Código de Processo Penal). Como poderia um crente falar a respeito do amor e do poder de Deus, se não os presenciasse, se não os vivenciasse? Somente o crente batizado com o Espírito Santo é testemunha plena e completa da obra de Deus através de Jesus Cristo, pois não só desfruta do amor de Deus, pois é salvo, como também foi envolvido pelo poder de Deus através do revestimento de poder.
Jesus foi o primeiro a anunciar a necessidade do revestimento de poder para que se pudesse realizar a obra que estava destinada aos Seus discípulos. Determinou-lhes que não saíssem de Jerusalém até que do alto fossem revestidos de poder (Lc.24:49). Para que pudessem levar a efeito o trabalho de evangelização de todo o mundo, como lhes havia sido mandado (Mc.16:15), era indispensável que tivessem, da parte de Deus, o correspondente poder, o que lhes seria trazido pelo batismo com o Espírito Santo: " Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós e ser-Me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra." (At.1:8)
O próprio Jesus demonstrou, uma vez mais, que, para que se possa realizar com êxito a tarefa de evangelização, é indispensável o batismo com o Espírito Santo. Assim, para que o seu vaso escolhido pudesse realizar a tarefa para o qual estava comissionado, qual seja, o da pregação do evangelho aos gentios (At.9:15), havia a necessidade de que Paulo fosse batizado com o Espírito Santo (At.9:17), tanto que, ainda em Damasco, antes que pudesse, com eloqüência, pregar o evangelho (At.9:20), já fora revestido de poder, poder este que o próprio Paulo afirma ter sido fundamental para o seu ministério (I Co.2:4,5).
O segundo objetivo de Jesus para batizar os Seus servos com o Espírito Santo é o de proporcionar ao crente a alegria do Espírito Santo. A Bíblia fala-nos que, uma vez cheios do poder do Espírito, os discípulos passaram a falar das grandezas de Deus (At.2:11). Estavam todos alegres, glorificando a Deus e exaltando o nome do Senhor. A alegria no Espírito Santo é uma característica indispensável para quem quer ser semelhante a Cristo (Lc.10:21). A alegria é resultado da ação do poder de Deus nas nossas vidas (cfr. Lc.10:17) e, como bem afirmou Neemias, quando o povo chorava enquanto ouvia a Palavra de Deus, "a alegria do Senhor é a nossa força" (Ne.8:10). Quando somos salvos, recebemos a alegria da salvação (Sl.51:12), mas se trata de uma alegria introspectiva, interna, enquanto que o gozo advindo da experiência pentecostal faz com que ela jorre para os outros, se expresse com ousadia e seja capaz de compungir os corações dos que nos ouvem.
O terceiro objetivo de Jesus para batizar os Seus servos com o Espírito Santo é o de transmitir poder sobrenatural a eles, propiciando a recepção dos dons espirituais. Com o batismo com o Espírito Santo, o crente passa a ser portador de porção do poder divino, que o torna capaz de operar maravilhas, sinais e prodígios para a glorificação do nome do Senhor. Cheios do Espírito Santo, Pedro e João puderam conceder a cura ao coxo da porta Formosa, dando-lhe aquilo que tinham obtido mediante o revestimento de poder. Aliás, a concessão deste poder está tão relacionada ao batismo com o Espírito Santo, que o próprio Jesus o denominou de "revestimento de poder". É importante, aqui, observar a expressão bíblica "revestimento", ou seja, o crente já é vestido de poder, pois recebeu o Espírito Santo, foi por ele gerado, é uma nova criatura, contra a qual nada pode fazer o mal (I Jo.5:18), mas, quando batizado com o Espírito Santo, passa a ter um poder todo especial, que lhe permite efetuar obras maiores até que as que foram feitas por Jesus em Seu ministério terreno (cfr. Jo.14:12).
O quarto objetivo de Jesus para batizar os Seus servos com o Espírito Santo é o de criar um ambiente de maior intimidade entre o crente e o Espírito Santo, que cria um outro patamar espiritual seja na oração, seja no serviço. O batismo com o Espírito Santo é um "mergulho", uma "imersão" no Espírito. A pessoa passa a estar envolvida pelo Espírito Santo, a estar integralmente sob a influência do Espírito Santo, a desfrutar de uma intimidade tal que dispensa até mesmo a intermediação de nossa alma neste relacionamento espiritual (como ocorre quando falamos em línguas estranhas, cfr. I Co.14:2). Em conseqüência desta intimidade, o crente pode ser usado mais eficazmente pelo Espírito Santo e lhe compreende os desígnios com muito mais facilidade, o que não ocorre com o que não é batizado com o Espírito Santo. Enquanto Apolo teve de ser orientado por Priscila e Áquila, Paulo não teve dificuldade em discernir onde o Espírito Santo queria que ele pregasse o Evangelho.
III - OS CONCEITOS DO BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO
O que é o Batismo com o Espírito Santo? Diríamos que é:
Revestimento de poder - Lc 24:49- “E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder”.
Unção - I Jo 2:27 – “E a unção que vós recebestes dele fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis”.
Virtude do Espírito - At 1:8 – “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda Judéia e Samaria e até os confins da terra”.Virtude é poder em ação. É o poder divino para testemunhar de Cristo, para ganhar os perdidos para Ele e ensinar-lhes a observar tudo quanto Ele ordenou.
Segundo o Pr Antonio Gilberto - Da parte de Deus, o batismo com o Espírito Santo é, a um só tempo:
1. Uma ditosa promessa - "a promessa do Pai" (At 1.4). O batismo com o Espírito Santo procede da vontade, amor e promessa de Deus para os seus filhos.
2. Uma dádiva celestial inestimável - "o dom do Espírito Santo" (At 2.38). O batismo é uma dádiva de Deus aos crentes.
3. Uma imersão do crente no sobrenatural de Deus - "sereis batizados com o Espírito Santo" (At 1.5). A partícula original desta última referência também permite a tradução "batizados no Espírito Santo".
4. Um revestimento de poder do alto - "até que do alto sejais revestidos de poder" (Lc 24.49). É como alguém estando vestido espiritualmente, ser re-vestido de poder do céu.
É importante que tenhamos em mente que, embora o batismo com o Espírito Santo seja uma manifestação do poder de Deus, esta manifestação, em absoluto, é uma mera demonstração de poder, mas é algo que tem um propósito, uma finalidade bem definida: a evangelização do mundo.
O batismo com o Espírito Santo não pode ser uma experiência que esteja separada da salvação e seu objetivo não pode ser outro senão edificar a vida do salvo que o recebe para tornar eficaz a pregação do evangelho para os outros que contemplarem e observarem a vida daquele que recebe a experiência do Batismo. O Espírito Santo resulta na salvação de outras almas, tem como efeito a conversão, o novo nascimento de outras pessoas, como se vê desde o primeiro derramamento, ocorrido no dia de Pentecostes, quando quase três mil almas foram salvas em virtude do poder transmitido pelo batismo a Pedro e aos demais discípulos que com ele estavam no cenáculo (At.2:14,37-41).
IV - COMO RECEBER O  BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO-CONDIÇÕES
1) A pessoa tem que ser salvaO batismo com o Espírito Santo é para quem já é salvo. Os discípulos ao serem batizados no Dia de Pentecostes: a) Tinham seus nomes escritos no céu (Lc 10.20); b) Eram limpos diante de Deus (Jo 15.3
O novo nascimento é a primeira operação do Espírito Santo. Sem ele, ninguém pode entrar no reino de Deus. Estando-se debaixo do domínio do Espírito Santo, o indivíduo passa a desfrutar de outras ações do Espírito em sua vida, uma das quais é o batismo com o Espírito Santo. Para que alguém seja batizado com o Espírito Santo, é fundamental que tenha nascido de novo, mesmo que este novo nascimento tenha sido, aos olhos humanos, concomitante ao batismo com o Espírito Santo, na verdade é indispensável que alguém tenha se convertido para que possa ser batizado com o Espírito Santo.
2) Obedecer(At 5:32) “e nós somos testemunhas acerca destas palavras, nós e também o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem.” –
3) Crer ba Promessa divina do Batismo com Espírito Santo - O batismo é chamado "a promessa do Pai" (Lc 24.49; At 1.4).”...Se creres verás a glória de Deus”(Jo 11:40).
4) Buscar com sede, em oração - A oração é um elemento necessário e indispensável para o crente obter o batismo com o Espírito Santo. “Ora, vós que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos,quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?”(Lc 11:33).”Todos estes perseveravam unânimes em oração...”(At 1:14).
A Bíblia informa-nos que, embora tivesse feito a promessa do revestimento de poder, o Senhor determinou aos Seus discípulos que aguardassem o cumprimento desta promessa em Jerusalém, não precisando quando nem como ela viria. Os discípulos, diz-nos o texto sagrado, foram, então, para o cenáculo e lá ficaram orando durante dez dias até que, no dia de Pentecostes, foram revestidos de poder.
A Bíblia, também, nos informa que, em Samaria, o batismo com o Espírito Santo somente veio quando os discípulos impuseram as mãos sobre os crentes samaritanos e começaram a orar. Isto mostra, claramente, que foram batizados aqueles que, sabendo da promessa e do intuito da oração dos discípulos, dispuseram-se a orar e a permitir que fossem alvo da imposição de mãos dos apóstolos.
Com relação a Paulo, também não foi diferente. Paulo estava orando já há alguns dias, desde a sua conversão e, quando Ananias chegou, este fez uma oração e Paulo acabou sendo cheio do Espírito Santo, sendo de se observar que tal circunstância, ante o silêncio do texto bíblico, não causou surpresa a Ananias, o que nos permite inferir que era algo comum que alguém que estivesse orando e buscando a Deus, obtivesse esta bênção de poder.
Na casa de Cornélio não houve uma busca consciente do batismo no Espírito Santo, operação que tinha, da parte de Deus, um propósito de superação de barreiras culturais que poderiam impedir a conversão e reconhecimento daqueles novos crentes por parte da igreja primitiva, mas não é de se desprezar a circunstância de que o texto sagrado nos dá conta de que Cornélio e a sua casa estava ansiosa e toda reunida à espera da chegada de Pedro, numa clara demonstração de que buscavam eles a presença de Deus, ainda que o fizessem, como gentios que eram, na forma do tatear (cfr. At.17:27).
Por fim, a mesma disposição vamos presenciar nos discípulos de Éfeso que, após terem sido batizados em água, aceitaram ter a imposição de mãos e, conscientemente, buscaram e obtiveram o batismo com o Espírito Santo.
O maior ensino de insistência quando o assunto é o batismo com o Espírito Santo, é o proferido por Jesus no sermão do monte (Mt.7:7-11).
5) Viver em Obediência à vontade do Senhor – “Ora, nós somos testemunhas deste fatos, e bem assim o Espírito Santo, que Deus outorgou aos que lhe obedecem”(At 5.32). Para você que busca o batismo, há alguma área da sua vida não submissa totalmente a Cristo?
V. OS RESULTADOS DO BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO
1)Edificação espiritual individual. Mediante o cultivo das línguas recebidas com o batismo, o crente é edificado pessoalmente (1 Co 14.4,15).
2) Maior dinamismo espiritual. Isto é, mais disposição e maior coragem na vida cristã para testemunhar de Cristo (Mc 14.66-72; At 4.6-20).
3)Maior desejo e resolução para orar e interceder (At 3.1; 4.24-31; 6.4; 10.9; Rm 8.26). O crente cheio do Espírito ora e intercede constantemente a favor dos filhos de Deus.
4)Maior glorificação do nome do Senhor. Isto "em espírito e em verdade", nos atos e na vida do crente (Jo 16.13, 14).
5)Ousadia e eficácia no testemunho e na pregação (At 1:8; 4:31, 33; 6:8-10; Rm 15:18-19; I Co 2:4).
6) Operação de Sinais e Maravilhas (At 6:8; I Co 2:4; Rom 15:18-19).
7)Maior sensibilidade contra o pecado que entristece o Espírito Santo, maior busca de retidão, percepção mais profunda do juízo divino contra a impiedade (Jo 16:8; Ef 4:30).
8)Maior amor à palavra de Deus e melhor compreensão dela (Jo 16:13; At 2:42).
9)Submissão aos que estão em autoridade sobre nós (Gl 5:18-21; Hb 13:7; 13:17).
10) Capacita o crente ao ministério evangelistico((At 1.8; 8.1-40).
11) Capacita o crente a falar em outras línguas (At 2.4; 10.46,46).
12) Capacita o crente a servir a igreja em suas necessidades sociais (At 6.1-7).
13) Capacita o crente a glorificar e orar a Deus poderosamente (At 10.45,46; 16.15;  4.31; Ef 5.18-20; Cl 3.16; Rm 8.26; Jd v.20).
14) Capacita o crente atender a chamada ministerial específica (At 13.1-4; 26.29; 10.1-48; At 20.24).
Por essas e outras inumeráveis razões o crente deve orar e glorificar intensamente a Deus a fim de que receba a magnífica promessa do batismo no Espírito Santo.
VI – CONCLUSÃO
O batismo com o Espírito Santo continua sendo o instrumento indispensável e necessário para que possamos enfrentar o nosso adversário e ganhar almas para o reino do Senhor, a começar da nossa própria (pois de nada adianta o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua própria alma - Mt.16:26). Jesus é o mesmo (Hb.13:8) e, deste modo, não haveria de mudar. Se determinou aos discípulos que aguardassem o revestimento de poder para que, com êxito, cumprissem a Sua vontade, se é Seu desejo que todos os crentes sejam batizados com o Espírito Santo, não haveria de, agora, às vésperas de Sua volta, alterar os Seus desígnios, modificar a Sua vontade. Sendo assim, se o(a) querido(a) irmão(ã) ainda não é batizado(a) com o Espírito Santo, o que está a esperar? Comece, agora mesmo, a buscar esta promessa, que é para tantos quantos Deus nosso Senhor chamar (At.2:39b).
---------
Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD/Assembléia de Deus –Ministério Bela Vista/Fortaleza-CE.
----------
Fonte de Pesquisa: PORTAL EBD - Comentário Bíblico do Prof. Dr. Caramuru Afonso Francisco, Prof Antonio Sebastião da Silva; Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Revista Ensinador Cristão.