7 de nov. de 2010

FIDELIDADE E DILIGÊNCIA NA OBRA DE DEUS


(A Parábola Dos Talentos)

Leitura Bíblica: Mateus 25:14-30

INTRODUÇÃO

Depois de termos estudado as chamadas “parábolas do reino de Deus”, estudaremos hoje uma parábola que diz respeito ao serviço exigido de cada filho do reino: a parábola dos Talentos(Mt.25:14-30). Ela é uma das mais ricas ilustrações a respeito do sentido da mordomia do homem em relação a Deus. Nela, Jesus mostra-nos, com clareza meridiana, o papel e o lugar do homem no seu relacionamento com Deus.

A parábola dos talentos é mencionada apenas por Mateus e incluída no sermão escatológico de Jesus. Ela encontra-se inserida nos ensinos de Jesus a respeito da sua vinda, tendo o objetivo de mostrar aos seus discípulos a necessidade da fidelidade e da diligência na obra de Deus como aspectos da vigilância exigida para o seu retorno. Ela foi proferida alguns dias depois da chegada de Jesus em Jerusalém. Foi a última que ele proferiu, talvez no dia em que foi preso, à noite. O Senhor Jesus não proferiu esta Parábola com o objetivo de ensinar sobre a Salvação, mas, sobre a fidelidade dos salvos na administração dos Talentos, ou dos Dons recebidos. Conforme temos dito em estudos anteriores o objetivo de uma Parábola é ilustrar uma doutrina, e nunca ser a sua base de sustentação. Assim, entendemos que, nesta Parábola, não deve ser discutido o problema da salvação, mas sim, da fidelidade do homem na execução dos serviços referentes ao Reino de Deus.

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

Na parábola dos talentos, Jesus conta a história de um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos e entregou-lhes os seus bens. Para um servo deu cinco talentos, a outro, dois e ao terceiro, um. Tendo partido, os dois primeiros servos negociaram os talentos recebidos e obtiveram, ambos, a duplicação dos talentos, enquanto que o terceiro servo enterrou o talento recebido. Quando o senhor voltou, os servos tiveram de prestar contas. Os dois servos foram tidos por servos bons e fiéis e admitidos no gozo de seu senhor. Já o servo que nada granjeou, ao devolver o talento que havia recebido, com justificativas, foi tido por mau e negligente servo, tendo, então, sido tomado o seu talento e dado ao que recebera cinco talentos e granjeara outros cinco, tendo o servo mau sido lançado nas trevas exteriores, onde há pranto e ranger de dentes.

O primeiro elemento da parábola é o homem que chama os seus servos e lhes distribui talentos antes de partir para fora da terra -“Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da terra...”(Mt 25:14).Certamente que, num rápido olhar sobre esta Parábola há que se perceber que sua figura central, ou que o seu personagem mais importante é esse homem que iria partir como de fato partiu, “para fora da terra”. Portanto, identificá-lo, e conhecê-lo, deve ser nossa primeira preocupação. Damos graças a Deus porque conhecemos esse homem. Ele é o mesmo que na Parábola do Semeador é “...o Semeador que saiu a semear”(Mt 13:3), e “...que andava de cidade em cidade e aldeia em aldeia, pregando a anunciando o evangelho do Reino de Deus; e os doze iam com ele”(Lc 8:1).Este homem é o mesmo que na Parábola do Trigo e do Joio é o dono do campo, no qual ele “semeia a boa semente...”(Mt 13:24).Este homem é o mesmo que na Parábola do Grão de Mostarda semeou, também o grão de mostarda – “...O Reino dos Céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem, pegando dele, semeou no seu campo”( Mt 13:31). Este homem após passar aqui na terra um período de 33 anos, agora se prepara para sua viagem de volta à casa de seu Pai. Porém, antes de partir, como bom Senhor, ele não deixou seus servos ociosos e nem desamparados. Antes “...chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens”, conforme veremos nesta Lição.

O Senhor chamou os seus servos - trata-se uma escolha do dono, não uma demonstração de aptidão, capacidade, poder ou qualidade dos servos. Deus chama o homem e lhe confia alguns de seus bens. O homem não é alguém que possa reivindicar direitos diante de Deus, como insistem muitos falsos pregadores e ensinadores nos nossos dias. É a misericórdia do Senhor a causa de não termos sido consumidos (Lm.3:22), pois o que mais de sublime existir no homem, é menos do que nada diante de Deus (Is.40:17).

Este homem tem servos, ou seja, ele é o Senhor - Isto nos mostra bem que a nossa condição diante de Cristo, mesmo após a salvação, é uma condição de servos, de mordomos. Isto é deveras importante afirmar num instante em que muitos são os que pregam um evangelho diferente, que reduz o Senhor Jesus à inadmissível condição de empregado qualificado, pronto e obrigado a atender a todos os caprichos dos crentes, em nome de uma “confissão positiva” inexistente. Só Deus é o dono, portanto só a sua vontade deve prevalecer, não a dos servos. É por não compreenderem esta realidade bíblica, tão importante que constou das " últimas instruções" do Senhor, que muitos têm se deixado envolver por ventos de doutrina sem respaldo bíblico, como são a doutrina da confissão positiva e a teologia da prosperidade.

Este homem partiu para fora da terra - Isto nos indica que haveria uma ausência física do dono dos bens e que os servos deveriam cuidar para que o que, normalmente, o dono do patrimônio fazia quando estava fisicamente presente, passasse a ser efetuado pelos servos, por conta e em nome do dono. A vida dos servos, então, durante este período de ausência física do dono, deveria fazer o que o dono estava acostumado a fazer, tomar providências para tomar conta do bem-estar do patrimônio do proprietário, até que ele voltasse. É precisamente o que significa a vida do crente enquanto estamos aqui nesta Terra. Nosso trabalho é realizar as obras do dono que se ausentou fisicamente. Desde o momento em que Jesus foi ocultado da visão física dos discípulos (At.1:9), os seus servos não podem ficar inertes, paralíticos ou perplexos, mas devem fazer o que Ele fazia até a sua volta (At.1:11-14; 20:24). Este período de ausência física do dono é o período da dispensação da graça (Ef.3:2,9-11), o período em que cabe à Igreja fazer aquilo que Jesus fazia, ter as mesmas atitudes que Jesus tinha enquanto esteve entre nós, de anunciar a salvação como Jesus anunciou, a tal ponto que a Igreja é chamada de "corpo de Cristo" (I Co.12:27), já que realiza aqui a mesma obra que Cristo, através de seu corpo físico, realizou durante o seu ministério terreno. Vemos, portanto, que a parábola é, inicialmente, dirigida para a Igreja, para nós, já que a Igreja somos nós.

Quem eram os Servos -“...chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens”.Certamente que estes servos não eram os anjos, embora eles também sejam servos – “Então, o diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos e o serviram”(Mt 4:11). “Não são, porventura, todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?”(Hb 1:14). “E eu lancei-me a seus pés para o adorar, mas, ele disse-me: olha, não faças tal; sou teu conservo e de teus irmãos...”(Ap 19:10). Também, estes servos não se referem aos homens que estão “lá fora”, os quais, pela Bíblia, são servos do pecado e, por conseguinte, são servos de Satanás – “Respondeu-lhes Jesus: em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado”(João 8:34). Aqui, nesta Parábola, o dono dos talentos chamou “os seus servos”. Não se tratava de pessoas estranhas, desconhecidas, mas, os que viviam na sua casa.

Os servos, portanto, somos nós - Ser crente significa ser servo, e isto não implica em algo depreciativo, mas, honroso, considerando que somos servos daquele que a Bíblia denomina de “...Rei dos Reis e Senhor dos senhores”(Ap 19:16). Os maiores homens de Deus, na Bíblia, são chamados de servos. Abraão foi chamado de servo pelo Senhor, quando falava sobre ele, com Isaque – “...e multiplicarei a tua semente por amor de Abraão, meu servo”(Gn 26:24). Moisés foi chamado de servo – “...pois, ele vê a semelhança do Senhor; por que, pois, não tivestes temor de falar contra meu servo Moisés?”(Nm 12:8). Davi foi chamado de servo – “Porque eu ampararei a esta cidade, para a livrar, por amor de mim e por amor do meu servo Davi”(II Cr 19:34). O Apóstolo João, conhecido como o apóstolo do amor, foi chamado de servo – “Revelação de Jesus Cristo... e pelo seu anjo as enviou e as notificou a João, seu servo”(Ap 1:1). Paulo, o grande Apóstolo dos gentios, ele mesmo se auto-intitulou como sendo servo – “Paulo, servo de Deus e Apóstolo de Jesus Cristo...”(Tito 1:1). Vê-se, pois, que para todos os grandes homens de Deus, Profetas, Reis, Apóstolos, ser chamado de servo de Deus era considerado uma benção, um privilégio especial. Nós, pela grande misericórdia de Deus, também alcançamos este privilégio de podermos dizer como disse Paulo, de podermos afirmar que somos servos de Deus. Estamos entre aqueles aos quais o Senhor antes de partir “para fora da terra chamou os servos, e entregou-lhes os seus bens”. Ser servo de Deus é algo de que devemos nos gloriar. Humilhante, pejorativo, depreciativo, desonroso, vergonhoso, é ser servo do pecado, ser servo de Satanás. Ser servo do Rei dos Reis e do Senhor dos Senhores, ser servo daquele que disse: “...toda a terra é minha”; “minha é a prata, e meu é o ouro”; daquele do qual a sua Palavra diz, que “Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam”; daquele que nos amou “...e se entregou a si mesmo por nós”(Gl 2:20), é uma coisa que deve nos encher de júbilo. Agora, ser servo de Satanás é realmente, humilhante, pois é um inimigo vencido; um pobre miserávelsem terra e sem nada”, porque todas as coisas pertencem a Deus por direito de criação, porque só ele é o Criador; um espírito mau cujo desejo é só roubar, matar, destruir(João 10:10); que foi jogado nos ares, que dos ares será jogado na terra, que da terra será lançado no “lago de fogo e enxofre”, conforme está escrito: “E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre”(Ap 20:10); Pior ainda é saber que os seus servos estarão com ele eternamente naquele “lago de fogo e enxofre”, conforme o próprio Jesus lhes dirá: “...Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos”(Mt 25:41).

I -DISTRIBUIÇÃO DOS TALENTOS(Mt 25:14,15)

1. O que era talento? - O homem confiou a seus servos coisas valiosas, boas, importantes e que têm condição de se tornar em coisas ainda mais valiosas. Na parábola, é dito que o dono deu a um servo dez talentos, a outro, cinco e a outro, um. O talento era a medida máxima de peso dos sistemas de medida da Antigüidade. A palavra " talento" significa, em latim, " coisa estimada pelo peso" e seu correspondente em hebraico, significa "círculo, globo, soma total". O talento corresponderia a aproximadamente 43,8 kg. Assim, se entendermos que os talentos eram de prata, já que a palavra "dinheiro" em Mt.25:18, no original, significa "prata", poderemos ver que cada talento equivaleria a aproximadamente R$ 63.748,00 (sessenta e três mil, setecentos e quarenta e oito reais), se adotarmos a cotação da prata na Bolsa de Tóquio em 01.04.2005, valor que é mais do que dezessete vezes o que um trabalhador que recebe um salário mínimo ganha durante um ano no Brasil. Assim, mesmo o servo que recebeu um só talento, recebeu muito maior valor do que angariaria com seu esforço próprio, caso fosse um assalariado, o que, aliás, não era o caso, pois se tratava de um servo.

Na época de Jesus, um Talento podia pagar seis mil dias de trabalho, de um homem numa vinha. Podemos ver isto seguindo o seguinte raciocínio: 01 Talento valia 60 minas; 01 mina valia 100 drácmas; 01 drácma era igual a 01 denário, ou 01 dinheiro. Temos uma informação Bíblica de que um trabalhador numa vinha era ajustado por um denário, ou um dinheiro, por dia, conforme Mateus 20:2. Assim, 01 Talento pagava seis mil dias de trabalho, ou seja, mais de 16 anos e cerca de quase 200 meses.

2. Os significados dos talentos na Parábola - No sentido Literal, como vimos no item 01 deste tópico, era uma medida de peso usada, principalmente, entre os Gregos e os Romanos. Ao fazer uso do Talento, que era um valor monetário, mas, não era uma moeda comum, o que ele queria que o povo soubesse é que o Reino de Deus não é como um reino comum, porque as coisas mínimas nele existentes, são na verdade, coisas de altíssimo valor.

No sentido Figurado - Talento, no seu sentido figurado, veio a significar um Dom, ou aptidão, inteligência, capacidade, ou habilidade inata ou adquirida. Assim, em sentido figurado, biblicamente, temos dois tipos de Talentos, ou Dons: Talentos Naturais; Talentos espirituais.

a) Talentos Naturais -Os talentos, ou dons naturais, são concedidos aos homens, por Deus, através daquilo que, teologicamente, conhecemos como sendo sua graça comum, ou seja, a sua capacidade de abençoar, e beneficiar a todos os homens, pois, Deus é a fonte do bem. O Senhor Jesus afirmou que “...ninguém há bom, senão um, que é Deus”(Lc 18:19). Isto significa que Deus não se tornou bom, mas, que Ele é bom em si mesmo, ou seja, pela sua própria natureza. Por isto o salmista Davi disse: “O Senhor é bom para todos...”( Salmo 145:9). Assim, todas as bênçãos que o homem, mesmo o homem natural, desfruta nesta vida, e todas as bênçãos que os salvos desfrutarão na eternidade – todas emanam de Deus. Por sua graça comum, Deus não discrimina os homens – mas, “...faz com que o sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre os justos e injustos”(Mt 5:45). Segundo declarou o Salmista, o Senhor Deus dá “...dons para os homens e até para os rebeldes...”(Salmo 68:18). Além de dar Dons Naturais a todos os homens, Deus não exige que esses Dons sejam usados em beneficio de seu Reino. A inteligência é um desses Dons Naturais. No entanto, quantas inteligências estiveram, e estão a serviço de Satanás, o inimigo de Deus! Quantas lindas e afinadas vozes, também um Dom Natural concedido por Deus, estão cantando “louvores” ao mundo, também inimigo de Deus! Quantos eloqüentes oradores, também um Dom Natural concedido por Deus, estão pregando heresias que afrontam a Palavra de Deus!

b) Talentos Espirituais - Estes são dados aos seus servos, conforme destacou o Senhor Jesus nesta Parábola – “...chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens”. Estes Talentos, ou Dons, são concedidos, por Deus, aos seus servos, através de sua graça especial. Ao contrário do que acontece em relação aos Talentos Naturais, onde o homem é livre para usá-los até mesmo contra o Reino de Deus, aqui, em relação aos Talentos Espirituais, estes são concedidos aos servos. Servo, como se sabe, não tem vontade própria. A vontade de um servo obediente é a vontade do seu senhor. Por isto Paulo advertiu aos efésios, dizendo: “Pelo que não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor”(Ef 5:17). Em sendo assim, e assim é , os Talentos Espirituais, sendo concedidos de forma exclusiva aos servos, devem ser usados, apenas, e tão somente, para atender os interesses do Reino de Deus. O termo correto é devem, e não, podem, porque, como veremos, o servo que recebeu um talento não fez uso dele, e foi punido! Lembre-se do que disse o apóstolo Paulo – “De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada: se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria”(Rm 12:6-8).

3. Talentos repartidos entre os servos(Mt 25:15) - Observe que o homem da Parábola é um homem sábio, pois antes de entregar “os seus bens”, procurou conhecer os seus servos e determinou a capacidade de cada um. Para este conhecimento ele não necessitou de informações de terceiros; não mandou “grampear” o telefone de ninguém; não espalhou “espiões”, ou agentes secretos no meio do povo; não incentivou e não apoiou o dedurismo. Ele era um homem sábio! Sobre “este homem”, declarou Davi:“...tu me sondas, e me conheces. Tu conheces o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento”(Salmo 139:1-2). Acreditamos poder afirmar que Deus quer intercessores, não “informantes. Ele sabe e conhece tudo sobre cada um dos seus servos, por isto pode dar “...a cada um segundo a sua capacidade...”.

Este homem da Parábola é capaz de confiar nos seus servos - “...chamou os seus servos, entregou-lhes os seus bens... e ausentou-se logo para longe”. Para agir desta maneira é preciso ter confiança. Ele confiava e continua confiando nos seus servos. Não se diz que ele chamou os parentes, ou mesmo os amigos mais chegados, mas que “chamou os seus servos”. Consideremos ainda que ele entregou bens de grande valor; não exigiu qualquer garantia; não determinou como deveriam aplicar “os seus bens”; não contratou “fiscais” para vigiar os passos dos seus servos e estarem atentos para que não houvesse má administração de seus talentos; não fez qualquer tipo de ameaça; ao partir não marcou a data de seu retorno. Para fazer o que ele fez era preciso confiar. E ele confiou! Com esse procedimento ímpar Ele estabeleceu aos seus servos, como forma de servi-lo, o principio da responsabilidade pessoal. Ele concedeu-lhes plena liberdade de ação. Ele quer ser servido com temor, nunca por medo; com alegria, e não com tristeza; de forma voluntária, nunca como que por obrigação. Ele ama seus servos e quer ser amado por eles. É assim que ele quer ser servido. Todos nós conhecemos este Homem - seu nome é Jesus. Com efeito,, “este homem” tratava seus servos de uma forma diferente de todos os demais senhores. Certa feita ele disse aos seus servos : “Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor, mas tenho-vos chamado amigos”(João 15:15). Tinha razão o Salmista, quando disse : “Servi ao Senhor com alegria...”(Salmo 100:2)..

II – O TRABALHO DOS SERVOS(Mt 25:15-18)

Na Parábola que estamos analisando esta bem claro que não houve doação. Os bens continuaram sendo do dono da casa, ou seja, do homem que partiu “para fora da terra”, o qual “...muito tempo depois, veio o Senhor daqueles servos, e ajustou contas com eles”. Perceba que “muito tempo depois’, quando ele retornou, ele continuava sendo o Senhor e continuava sendo o dono dos bens “entregues” aos seus servos. Também os servos tinham consciência de que não eram donos daqueles bens. Servo não pode considerar nada como sendo seu. Tudo que estiver em seu poder é propriedade de seu Senhor, até mesmo seus filhos, ou melhor, até ele próprio. Pelo exposto na Parábola, os servos entenderam que os Talentos recebidos eram bens do seu Senhor. Como servos fiéis que eram, procuraram trabalhar da melhor maneira, possível. É assim que fazem os servos fiéis, ainda hoje. Quanto ao servo negligente, ou o “mau servo”, também tinha consciência de que aquele Talento não era seu, e que, no futuro, teria que prestar contas ao seu Senhor. Por isto “... cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor”. Nenhum deles entendeu que tinha recebido um prêmio pelos serviços prestados, ou um presente pessoal. Sabiam ter recebido os Talentos para trabalharem com eles; sabiam ter em mãos um instrumento de trabalho que lhes fora entregue por seu senhor.

1. O que recebeu cinco talentos(vv. 16,19-21) – Este foi o que recebeu mais talentos, dentre os três. Nota-se que era o mais capacitado, tanto que logo após a saída do seu senhor, foi imediatamente aplicar o talento que recebera, sabendo que o tempo é curto e não sabia quando o seu senhor voltaria. O seu esforço foi 100% recompensador, pois produziu mais 05(cinco) talentos(Mt 25:16,20). Isto significa que o verdadeiro cristão esmera-se em aplicar os seus talentos, procurando produzir o máximo que puder para o Senhor Jesus, sabendo que o seu galardão é certo(1 Co 15:10).

2. O que recebeu dois talentos(vv.17,22,23) – Este servo recebeu com bom grado os dois talentos, e não demonstrou nenhuma inveja ou ciúmes do que recebera cinco, pois sabia de sua capacidade de produção. O Senhor sabe perfeitamente quantos talentos ou Dons podemos administrar. Ele conhece a estrutura de cada indivíduo(Sl.103:14), pois Ele fez a cada um de nós e nos acompanhou desde a nossa geração (Sl.139:13-16). Sendo assim, tem condições plenas para dar os talentos segundo a capacidade de cada um, sem qualquer condição de errar, pois é o único que nos conhece perfeitamente. Este servo não quis saber porque recebeu apenas dois talentos, pelo contrário, trabalhou com máxima dedicação e o incremento foi igual ao do primeiro servo, ou seja, 100%.

3. O que recebeu apenas um talento(vv.18,24,25) - o servo negligente recebeu um talento apenas, mas não é por isso que fosse mau. Gozava da plena confiança do seu senhor, tanto quanto os outros dois, a ponto de também lhe ser confiado um talento. A confiança do senhor era igual para todos os servos. O servo que recebeu um talento só tinha recebido um talento em virtude de sua capacidade, de sua aptidão. Portanto, em nada era diferente dos demais. Isto é importante deixar bem claro: o senhor não fez acepção de pessoas, mas foi justo na distribuição. Entretanto, ao contrário dos outros dois servos, este, ao receber o talento, traiu a confiança do seu senhor, não negociando, o que, em primeiro lugar, representa desobediência ao mandado do senhor, pois, como já vimos, a ordem de negociar, embora não tenha sido explícita por Jesus na parábola dos talentos, deve ser inferida, na medida em que o senhor, na prestação de contas, chama o servo de infiel. A infidelidade é conseqüência da desobediência. O senhor havia se ausentado, mas continuava sendo o senhor e o servo, mesmo tendo recebido o talento, continuava sendo servo e, portanto, lhe era necessário a obediência. A manutenção de nossa comunhão com o Senhor, mesmo estando ele ausente, depende da obediência. Obedecer é se manter em posição de vigilância, é se credenciar para o reino dos céus.

III – A PRESTAÇÃO DE CONTAS(Mt 25:19)

A parábola dos talentos ensina que teremos de prestar contas quando o Senhor voltar. Sua volta é certa, demorará, conforme se depreende das parábolas, mas acontecerá de forma inevitável. Quando o Senhor chegar, deveremos nos apresentar com os talentos que nos foram confiados, pois, como já dissemos há pouco, na eternidade apenas as nossas obras nos seguirão (Ap.14:13). Estas obras serão manifestadas a todos e, no tribunal de Cristo, passarão pelo teste do fogo, pela prova divina e, então, o trabalho que cada um fez por meio do corpo se revelará de forma inapelável diante dAquele em que tudo está nu e patente (Hb.4:13).

Muito tempo depois, disse Jesus, na parábola, o senhor veio e fez contas com eles. É interessante notar, em primeiro lugar, que Jesus fala em “muito tempo depois”. A parábola, portanto, indica que a dispensação da graça, o tempo destinado para os servos negociarem, seria extenso.

Tudo parecia indicar que nada aconteceria, que a desobediência ficaria impune e que o labor dos servos obedientes tinha sido em vão, um zelo dispensável e desnecessário. Mas, sem que alguém esperasse, chegou o dia do retorno do senhor e, com ele, a prestação de contas. Mais uma vez, Jesus mostra, na parábola, que chegará o dia em que deveremos prestar contas pelos nossos atos. Já vimos que na parábola do joio e do trigo, do grão de mostarda e da rede, o Senhor, explicitamente, lembra os seus discípulos de que haverá um dia de juízo, um dia de prestação de contas.

O julgamento apresentado na parábola começa com os servos fiéis. Os servos apresentaram as suas obras e, em tendo sido elas aprovadas, tiveram a oportunidade de serem reconhecidos pelo senhor e de serem convidados a entrar no seu gozo. Este julgamento mostra-nos a realidade do Tribunal de Cristo, o local destinado para os que pertenceram à Igreja sejam julgados pelas suas obras. O Tribunal de Cristo é exclusivo para os servos bons e fiéis e terá lugar depois do arrebatamento da Igreja e antes da ceia das bodas do Cordeiro. Nele, os salvos serão julgados pelo que tiverem feito por meio do corpo, ou bem, ou mal (II Co.5:10). O Senhor, ali, verificará o que foi dado ao servo e o que ele granjeou com o que lhe foi dado. A mensagem dada ao servo que recebeu cinco talentos é absolutamente idêntica ao que recebeu dois talentos, uma vez que o trabalho de ambos foi, também, igual. Ambos duplicaram os talentos que receberam, ambos exerceram a plenitude de sua capacidade na obra do Senhor, ambos tiveram dedicação integral, de sorte que ambos tiveram o mesmo galardão. Não foi, porém, pelas obras que cada um chegou ao gozo do Senhor, mas pela sua fidelidade e obediência.

O julgamento do servo mau, porém, já não diz respeito ao Tribunal de Cristo. Refere-se o Senhor, aqui, ao juízo final ou juízo do trono branco, já que os ímpios serão julgados nesta oportunidade, onde haverá, sim, condenação, ao contrário do Tribunal de Cristo, onde os que forem julgados jamais perderão a salvação, ainda que sejam salvos como que pelo fogo (I Co.3:15).

O servo mau surge com desculpas, num comportamento bem diferente daquele que foi apresentado pelos servos bons. Assim procede o homem no pecado: tenta sempre encontrar uma justificativa para o seu erro, mas a Bíblia diz que os pecadores são inescusáveis, ou seja, não têm quaisquer desculpa diante de Deus (Rm.1:20). Em primeiro lugar ele mentiu, pois alegou que conhecia o senhor. Se conhecesse, mesmo, o senhor, teria se empenhado em negociar os talentos. Quem o diz é o próprio senhor, na parábola, que afirma que, pelo menos, o servo mau deveria ter se preocupado em não causar a perda do poder aquisitivo do patrimônio que lhe fora confiado(Mt.25:26). Em segundo lugar, o servo negligente acusou o Senhor de “homem duro”, que ceifava onde não semeara e ajuntava onde não espalhara. Vemos aqui a segunda característica do pecador: ele sempre culpa Deus pela suas próprias faltas. Quantos, nos nossos dias, não têm culpado Deus, negado até a existência de Deus, usando da vida que Deus lhe deu e que ele jamais conseguiria ter por conta própria, para fazê-lo? Quantos não acusam Deus de ser impiedoso e cruel porque mandará pessoas para a perdição eterna, e, enquanto o fazem, pecam desmedidamente, escandalizam o evangelho, muitas vezes até, sob a paciência deste mesmo Deus injustamente acusado? Em terceiro lugar, o servo negligente chama o Senhor de Ladrão – Colher onde não se semeou é invadir terreno alheio, é apropriar-se do alheio, é chamar o Senhor de ladrão. Em quarto lugar, o servo mau chama o senhor de cobiçoso - Ajuntar onde não se espalhou é uma exxpressão proverbial que indica um desejo ilegítimo de crescimento, uma ganância. O servo mau, entretanto, ao assim se referir ao senhor denuncia a sua própria ganância. Ele havia se apropriado indevidamente do talento recebido e o enterrara porque sabia que tudo que granjeasse seria do senhor e não dele. Em quinto lugar, o servo mau diz que teve medo do Senhor. Não adianta ter medo de Deus. É preciso ter respeito, reverência, mas não, medo. O servo mau alegou ter medo de Deus e por isso não Lhe obedeceu. É assim mesmo: quem tem medo, não obedece. Pode até fazer o que se manda, mas isto não é obedecer, pois a obediência é uma ação voluntária, não forçada. Não podemos mostrar aos homens um Deus irado, cruel e pronto a castigar. O medo de Deus não resolve. Na Grande Tribulação, os homens terão medo de Deus, que estará derramando terríveis juízos sobre a Terra, mas não se arrependerão de seus pecados, pois medo não transforma, não torna ninguém obediente. Em sexto lugar, o servo não devolveu corretamente o que havia recebido do Senhor. Ele mentiu mais uma vez, ao dizer ao Senhor “aqui tens o que é teu”. Diante do longo tempo decorrido, o talento devolvido não tinha o mesmo valor do talento que havia sido entregue. O tempo passou e, como a vida é dinâmica, o patrimônio recebido se desvalorizou, tanto que o senhor diz que, se o servo mau quisesse mesmo apenas devolver o que lhe havia sido dado, teria entregado o talento ao banqueiro para que este o negociasse e, assim, não houvesse perda de valor. O servo mau se apropriou de parte do valor do talento ilegitimamente, pois não era o dono. Assim ocorre com aquele que não usa o dom que Deus lhe deu. Ele retém ilegitimamente e o dom não será simplesmente devolvido ao Senhor, pois haverá um prejuízo irreparável, pois o bem que deveria ter sido feito com aquele dom, a glória que deveria ter sido dada a Deus através daquele dom nunca terá sido concretizada e, como sabemos, quatro coisas não voltam atrás: o tempo passado, a oportunidade perdida, a palavra dita e a pedra atirada. O servo mau não teria mais condições de repor o valor perdido e, por isso, era praticante de uma injustiça, de uma iniqüidade.

V – CONCLUSÃO

Como os dons, os talentos e as habilidades são do Senhor, não temos como achar que podemos deles fazer o que quisermos. Teremos de prestar contas diante de Deus quanto ao seu uso e isto não apenas os crentes, que o farão no Tribunal de Cristo, mas todos os seres humanos, pois todos somos mordomos de Deus pelo simples fato de termos sido criados por Ele. É por isso que todos os homens serão julgados, inclusive os ímpios, só que tal julgamento se dará em outra ocasião, qual seja, o juízo do trono branco (Ap.20:11-15).

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD/Assembléia de Deus –Ministério Bela Vista/Fortaleza-CE.

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Bibliografia: Comentário Bíblico do Prof. Dr. Caramuru Afonso Francisco, Prof Antonio Sebastião da Silva; Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal.

LANÇAI A REDE


Mateus 13:47-51; Romanos 2:5-11
INTRODUÇÃO
A parábola da Grande Rede é a sétima registrada no capítulo 13 de Mateus, a qual traz-nos à mente a parábola do joio e do trigo, parecendo ser mesmo uma repetição do mesmo ensino, mas há nuanças que nos revelam um ensino diverso. Aqui Jesus está enfatizando o papel que deve ser desempenhado pela Igreja no trabalho da evangelização. Nesta parábola da grande rede, Jesus usa uma linguagem mais conhecida dos pescadores, dos homens que viviam às margens do mar da Galiléia, para nos falar a respeito da convivência entre bons e maus até o instante do julgamento final, o que, aliás, numa linguagem mais conhecida dos homens do campo, dos agricultores, já havia falado na parábola do joio e do trigo, mais uma vez nos mostrando a importância que dava aos ouvintes e que o evangelho deve ter uma mensagem multiforme, ainda que única, algo que vimos na lição anterior, quando estudamos a parábola do tesouro escondido (com uma linguagem voltada aos homens do campo). Esta parábola é parcialmente interpretada por Jesus, que afirma que serão os anjos quem farão a separação dos bons e maus peixes, destinando os peixes maus para a fornalha de fogo na consumação dos séculos.(Mt.13:47-50).
É importante aqui observar que, ao contrário da parábola do joio e do trigo, a parábola da grande rede mostra-nos bem que se trata de existência de maus e de bons na própria comunidade social formada pelo evangelho, ou seja, trata-se da presença de maus e de bons no meio do povo evangélico, algo que é costumeiramente aliado à parábola do joio e do trigo, mas que vimos que não é bem o que aquela parábola diz. Aqui, porém, como se trata apenas dos peixes apanhados pela rede, temos de reconhecer que, nesta parábola, Jesus se dirige especificamente à comunidade social evangélica.
Há, pois, uma grande diferença entre Igreja enquanto organização social, enquanto grupo social e Igreja enquanto corpo de Cristo. A Igreja que é grupo social é uma comunidade formada por homens, homens que responderam ao chamado do evangelho e que, por causa da pregação do evangelho, mudaram de atitudes, de atividades e de modo de viver diante da sociedade. No entanto, no meio desta comunidade, diz-nos o Senhor, há aqueles que, além de mudanças superficiais e aparentes, também se converteram, ou seja, passaram a servir a Deus de verdade, santificaram-se, ou seja, separaram-se do pecado e, assim, se tornaram em novas criaturas, passando a ser peixes bons. Mas, no meio destes, também há os peixes ruins, os quais, ao serem inspecionados, serão rejeitados e, assim, serão devolvidos ao mar, onde terão o mesmo destino daqueles que não foram sequer apanhados. Já a Igreja corpo de Cristo, é aquela formada pelos peixes bons, é aquela que, em todas as épocas desta dispensação da graça, serviu a Deus, independentemente de raça, nação, denominação religiosa(Ap.5:9), a qual se reunirá com o Senhor para sempre, no dia do arrebatamento da Igreja, aos quais se juntarão os demais santos, para viverem eternamente com Deus na Nova Jerusalém.
Nesta Parábola, cinco elementos se destacam: a Rede, o Mar, os Pescadores, os Peixes e os Anjos.
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Não basta ser um peixe, e estar na rede; é preciso ser um peixe bom - “Igualmente, o Reino dos céus é semelhante a uma rede lançada ao mar e que apanha toda qualidade de peixe”. Nesta presente Dispensação da Graça o Evangelho representa esta Rede. Conforme veremos no tópico II o mar significa os povos, as gentes, as nações que vivem sem paz, em completa agitação – “...os ímpios são como o mar bravo que não se pode aquietar e cujas águas lançam de si a lama e lodo. Os ímpios, diz o meu Deus, não têm paz”(Isaias 57:20-21). A Rede foi lançada nesse mar e pegou uma grande quantidade de peixes, dividindo os peixes do mar em duas espécies: os peixes que estão na Rede e os peixes que estão fora da Rede. Assim, numa linguagem popular se diz que o mundo está dividido em dois grandes grupos “religiosos: cristãos e não cristãos. Sendo que “cristãos” são os “peixes” que foram apanhados pela Rede e que, hoje, são mais conhecidos pela denominação de Evangélicos. Todavia, conforme o Senhor Jesus afirmou, a Rede “apanha toda qualidade de peixes”. Isto leva-nos à dedução de que existem duas qualidades de evangélicos: evangélicos salvos o chamado “peixe bom”, e “evangélicos” não salvos, o chamado “peixe ruim”. Então, não basta ser peixe e estar na rede; os peixes ruins também estão. É preciso estar na Rede, mas, sendo um “peixe bom”.
A Religião Evangélica não muda a natureza do “peixe” - O Senhor Jesus, falando com Nicodemos, um mestre em Israel, um homem religioso, não fez qualquer menção ao fato dele ter que mudar de Religião. Se religião, seja qual for, fosse a solução para os problemas do homem, se ela pudesse operar esta transformação na natureza fazendo com que “peixes ruins” fossem transformados em “peixes bons”, certamente que o Senhor Jesus não precisaria ter vindo a este mundo. Quando Ele veio o que mais havia na terra era religião. Consta que só na Grécia havia cerca de dez mil deuses. O Império Romano era tolerante com todas as Religiões, permitindo plena liberdade religiosa a todos os povos e estabelecendo, apenas, uma condição: que adorassem, ou prestassem culto, também, ao seu Imperador. A situação não mudou. Muitos, hoje, entendem que ser evangélico significa pertencer à “Religião Evangélica”. E, ao que parece, muitos falsos pregadores estão induzindo os homens ao erro. Não pregam aquele Evangelho que o Apóstolo Paulo pregou, e acerca do qual, disse: “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê...”(Rm 1:16). Esses falsos pregadores estão fazendo uso indevido das promessas Bíblicas elevando as pessoas a mudarem para “a religião evangélica”. Nós diríamos, no entanto, que a “religião evangélica” é tão boa quanto a religião católica, quanto ao judaísmo, quanto a religião muçulmana, quanto ao budismo, ao confucionismo, e tantas outras. Do ponto de vista humano todas as religiões são “boas”. Elas, todas elas, incluindo a chamada “religião evangélica”, só têm um defeito:: não levam ninguém para o Céu. Para o Céu só serão levados os “peixes bons”, ou seja os salvos, em Cristo. Só ele, o Senhor Jesus Cristo, pode mudar a velha natureza do “peixe ruim”, ou do homem sem Deus, dando-lhe uma nova natureza que o torna num “peixe bom”, conforme escreveu o apóstolo Paulo – “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”(II Co 5:17). Perceba que Paulo diz : “se alguém está em Cristo”, e não se alguém está na rede, porque a rede “apanha toda qualidade de peixe”. Não basta ser “peixe”, e estar na rede; é preciso estar na rede, mas, sendo um “peixe bom”. Hoje, ao que nos parece, está em moda mudar para a religião evangélica. Muita gente famosa está fazendo isto. Mudar é preciso, mas é necessário mudar de vida, e não mudar, apenas, de religião! Estar na rede, ser “peixe”, mas, ser um peixe” bom” .
Não basta ser membro de uma Igreja evangélica, é preciso, também, ser membro da
Universal Assembléia e Igreja dos Primogênitos (Hb 12:23) - As Igrejas Evangélicas, em suas múltiplas denominações estão espalhadas por toda Terra, à semelhança dos Ramos do Pé de Mostarda que, se tornou “grande árvore”(Lc 13:19). Esta multiplicidade de igrejas recebe o nome de Igrejas Locais. A Igreja Local é, pois, uma comunidade de fiéis que se reúne num determinado lugar. É neste sentido, como Igrejas Locais, que a Bíblia Sagrada diz : “...as igrejas em toda a Judéia, e Galiléia, e Samaria tinham paz e eram edificadas; e se multiplicavam...”(Atos 9:31). Assim, esta comunidade chamada de Igreja, é o que denominamos de Igreja Visível. Teologicamente chamada de Igreja Militante. Torna-se membro desta Igreja através do Batismo nas Águas. Isto dá à pessoa que foi batizada o direito de receber um Cartão de Membro dessa referida Igreja e, também, de ter o seu nome inscrito no seu Rol de Membros. Contudo, como se sabe, ser batizado nas águas não significa ser salvo. Assim, a Igreja Local é como a rede que “apanha toda qualidade de peixes”. Nela é possível coexistir “peixes bons e ruins”, “virgens prudentes e loucas”, “trigo e joio”, ou seja, cristãos verdadeiros e falsos cristãos. Portanto, não basta ser membro de uma Igreja Evangélica Local, seja qual for o seu nome. O Importante é ser Membro da Igreja Universal - “Mas chegastes ao Monte de Sião, é a cidade do Deus Vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos, à universal assembléia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus...”(Hb 12:23). Esta é a Igreja da qual falou o Senhor Jesus Cristo, quando apontando para si mesmo, disse: “...sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”(Mt 16:18). O Senhor Jesus não lhe deu um nome; chamou-a de “a minha Igreja”. Pela Bíblia sabemos que ela é a Igreja Invisível, pois, não pode ser identificada pelos olhos do homem. Ela é formada pelo corpo místico de Cristo e está espalhada por toda a Terra. Ela é a Igreja que será arrebatada no dia da vinda de Jesus. Só se torna membro desta Igreja através do Novo Nascimento. Por isto ela é Invisível, porque o Novo Nascimento, ou Regeneração é algo que acontece dentro do homem, é uma transformação espiritual que somente Deus pode atestar. Pelo novo nascimento o “peixe ruim” é transformado em “peixe bom”. Isto só o Senhor Jesus pode fazer, ninguém mais! Assim, na Igreja do Senhor Jesus, chamada de Igreja Invisível, não existe “peixe ruim”, nem “virgem louca”, nem joio. Ela é, segundo escreveu Paulo, uma “...Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível”(Efésios 5:27). Esta Igreja não confere cartão de membro, nem possui um rol de membros, aqui na Terra. Os nomes de seus membros estão escritos no céu – “... alegrai-vos, antes, por estar o vosso nome escrito nos céus”(Lc 10:20).
I – A REDE(Mt 13:47)
Jesus afirma que o reino de Deus é semelhante a uma rede lançada ao mar e que apanha toda a qualidade de peixes. Ao se referir à rede, Jesus nos fala a respeito da “grande rede” ou “rede tipo seine”, que era a maior das redes utilizadas pelos pescadores do Mar da Galiléia naquela época, como nos dá conta a palavra do texto original grego, “sagene”, uma “rede de arrastão”, para usarmos de linguagem conhecida dos nossos pescadores e que se encontra nas Escrituras em Ez.26:5; Hc.1:15 e Lc.5:4.
A “grande rede” é aquilo que deve ser usado para que os homens sejam pescados, aquilo que deve ser levado ao mar, que, como veremos, é o símbolo das nações. Ora, o que deve ser levado ao mundo é o Evangelho (Mc.16:15), que, afinal de contas, era o que estava sendo levado por Jesus ao seu povo (Mc.1:15).
1. A malha dessa rede - Esta rede tinha cerca de três metros de largura e vários metros de comprimento. Ela ficava suspensa na água como uma cerca, sendo mantida flutuando por meio de rolhas, e pedras eram colocadas nas beiradas para mantê-la na vertical. Ela recolhia todos os tipos de peixes. A sua malha é capaz de recolher toda espécie de peixes: bons e ruins, úteis e inúteis.
As redes, portanto, exigiam o trabalho de muitos homens, de um grupo de homens, a mostrar, assim, que a evangelização é o trabalho de um grupo, de um povo e não apenas de uma pessoa. O Evangelho, portanto, é algo que deve ser pregado pela Igreja, é uma tarefa de toda esta “assembléia reunida para fora do mundo e do pecado” (“ekklesia”). A evangelização é, pois, tarefa de toda a Igreja, de todo o grupo. Jesus chamou os discípulos para serem “pescadores de homens” e, para tanto, deveriam usar a rede, que é o Evangelho, a “grande rede”, que deve ser levada ao mar por todos os pescadores, por todos os chamados por Cristo. Por isso, na chamada “Grande Comissão”, Jesus não excluiu qualquer dos seus servos. “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda a criatura”, disse o Senhor, dirigindo-se a todos aqueles que ali se encontravam vendo-O ressurreto (que Paulo diz serem quase quinhentos irmãos).
O Evangelho é uma rede de pesca apta para uso, o que significa afirmar que o Evangelho não tem rasgos, não tem furos, é íntegro e está pronto a resgatar as vidas humanas. As redes eram fornecidas aos pescadores, que não se preocupavam, na hora da pesca, em procurar se as redes estavam, ou não, em condições de uso. As redes, uma vez entregues, eram lançadas ao mar, pelo grupo dos pescadores. Jesus disse que o reino de Deus é como uma rede que é lançada ao mar, indicando, assim, que não cabe aos filhos do reino discutirem a qualidade da rede ou analisarem se a rede tem, ou não rupturas ou falhas. O papel do filho do reino é lançar a rede ao mar, é pregar o Evangelho, não discutir o Evangelho. Muitos, na atualidade, ao em vez de pregarem o Evangelho, ficam a discuti-lo, tentam enfatizar aspectos peculiares de sua compreensão do Evangelho, usos e costumes que são seguidos aqui e acolá. Via de regra, preferem sempre se encontrar com alguém de uma denominação diferente da sua para iniciar os debates, as polêmicas em torno destas “rupturas”, destas “falhas” e chamam a isso de “evangelização”. Analisam a rede ao invés de lançá-la ao mar. O reino de Deus, porém, ensina-nos o Senhor nesta parábola, é semelhante à grande rede que se lança ao mar. Deixemos, portanto, de lado estas filigranas e lancemos a rede ao mar.
A rede não teria qualquer valor se, embora fosse de exímia qualidade e de apresentação impecável, não pudesse apanhar os peixes. Os peixes são o alvo e devemos nos empenhar ao máximo para que venhamos apanhá-los.
2. A rede não discrimina os peixes - A rede foi feita para apanhar toda espécie de peixes. Não há pessoa, não há grupo, não há etnia, não há tipo de gente que esteja excluída da mensagem do Evangelho. O Evangelho é universal, é uma mensagem endereçada a todos os homens e, por isso, todos devem ser atingidos por esta pregação.
Quando tomamos consciência de que a rede deve apanhar toda espécie de peixes, passamos a nos empenhar a ajudar a evangelização em todos os sentidos, não importando sequer se é, ou não, a nossa comunidade ou o nosso grupo que está fazendo o trabalho de evangelismo. Se a rede, que é o Evangelho genuíno e bíblico, está sendo lançada ao mar, devemos colaborar na medida em que algo for requerido de nós da parte de nosso Deus, conforme a nossa vocação. Muitos, nos nossos dias, têm sido incompreendidos pelos irmãos, que se recusam a ajudar trabalhos sinceros e verdadeiros de evangelização, por discriminarem este ou aquele tipo de pessoas que precisam ser alcançados. Não podemos fazer acepção de pessoas e não devemos recriminar aqueles que, chamados por Deus, vão lançar a rede para apanhar este tipo de peixe que repugnamos. A Bíblia diz que Deus amou o mundo inteiro, não parte dele. Não admitamos a discriminação e o preconceito em nosso meio, pois a rede foi lançada e apanhou toda a espécie de peixes.
II – O MAR( Mt 13:47)
O mar também não teve seu significado registrado no capítulo 13 de Mateus, mas, quando verificamos o significado do mar nos textos simbólicos das Escrituras, logo compreendemos que se trata de uma ilustração a respeito dos povos do mundo, a respeito das nações. Em Is.23:11, é dito que o Senhor estendeu sua mão sobre o mar e os reinos se turbaram, ou seja, o mar confunde-se com os reinos do mundo. Em Is 57:20, ímpios são comparados ao mar bravo que não se aquieta e cujas águas lançam de si lama e lodo. Em Dn.7:3, o mar simboliza o conjunto das nações, de onde se levanta cada um dos grandes impérios mundiais, o que também é reproduzido no livro do Apocalipse, ao se descrever o surgimento do Anticristo (Ap.13:1). Por fim, em Ap.17:10, um grande volume de águas é identificado como sendo as nações que estarão sob o domínio da grande prostituta durante a Grande Tribulação.
1. O mar representa a humanidade - O mar, aqui, portanto, é o mundo, assim como era o campo nas parábolas do semeador e do joio e do trigo, o que é de se entender se verificarmos que esta parábola é voltada, principalmente, a pessoas afetas à vida marítima. O mar é o conjunto das nações, o mundo e aqueles que nele habitam, que pertencem ao Senhor (Sl.24:1), mas que estão inquietos, em virtude do pecado e da impiedade (Is.57:20). No mar, não há meio de salvação, não há como as pessoas saírem da inquietação e da intranqüilidade que caracteriza o mar. Isto significa que a salvação não é resultado de um pertencimento a uma nação, a um povo específico. Não existe um povo escolhido que seja melhor do que os outros. Nem mesmo Israel, que é propriedade peculiar de Deus (Ex.19:5), concede salvação a seus nacionais. O orgulho judaico era tanto que, certa feita, invocaram a Jesus a sua condição de descendência de Abraão para se dizerem livres (Jo.8:37), mas o Senhor os reprovou, dizendo que eram, apesar de israelitas e descendentes biológicos de Abraão, filhos do diabo (Jo.8:44). Muitos, hoje em dia, cometem o mesmo erro. Por pertencerem a esta ou aquela denominação religiosa, acham-se salvos e garantidos na eternidade, mas, infelizmente, são apenas outros filhos do inimigo, outros que, por desobedecerem a Deus, não têm parte com Jesus. Tomemos cuidado, olhemos por nós mesmos e não nos deixemos iludir !
III – OS PESCADAORES(Mt 13:48)
Outro elemento desta parábola, ainda que implícito, é formado pelos pescadores. Embora Jesus não os mencione expressamente, é lógico que a rede levada ao mar, lançada ao mar e trazida à praia é realizada pelos pescadores, os quais deveriam ser os principais ouvintes da sua parábola, quando ela foi proferida (O contexto afirma que Jesus proferiu esta parábola apenas aos discípulos em sua casa – Mt.13:36 – o que nos permite inferir que se encontrava em Cafarnaum, uma das cidades às margens do mar da Galiléia, onde ficava sua casa – cfr. Mt.4:13; Mc.2:1).
Os pescadores não são apenas os apóstolos, o grupo mais próximo a Jesus e que foi preparado para liderar a primeira geração da Igreja, mas, sim, todos aqueles que se convertessem a Cristo.
A vida dos pescadores dependia de eles saberem bem manejar a rede, pois dali tiravam o seu sustento. Assim, também, a vida dos discípulos de Cristo está em saberem manejar a Palavra de Deus e pregarem, com atos e palavras, o Evangelho. A Igreja, que somos nós, somente mostrará a sua vida se estiver evangelizando o mundo, se estiver lançando a rede ao mar. Um grupo que não evangeliza, um grupo que não vai ao encontro dos homens com a mensagem do Evangelho, pode ser um grupo social qualquer, mas nunca será uma igreja para os padrões divinos. Alguém aceitaria um hospital que não se destinasse a cuidar de doentes? Ou, então, um presídio que não aceitasse presos? Ou, ainda, um hotel que se recusasse a receber hóspedes? Todavia, há quem ache normal uma igreja que não tenha como propósito a salvação de almas…
O objetivo dos pescadores era apanhar peixes no mar e, para isto, usavam a rede. De igual forma, o objetivo da Igreja deve ser a evangelização do mundo, a pregação do evangelho e, para isso, devem usar a Palavra de Deus. Muitos têm perdido, na atualidade, o propósito da Igreja, lançam suas comunidades em mil e uma atividades, fazem mil e uma programações e festividades, esquecendo-se de que a Igreja existe para ganhar almas para o reino de Deus e para aperfeiçoar os santos. O número de peixes no mar está aumentando. A rede continua a mesma, apta a apanhar os peixes de toda qualidade, mas os pescadores são cada vez em menor número. Este é o quadro triste e duro dos nossos dias. Não nos deixemos impressionar com os números absolutos da membresia das igrejas ditas evangélicas. Muitas aglomerações são feitas sem que tenha sido usada a rede, o que, de pronto, retira destas multidões qualquer significado para o reino de Deus.
IV – OS PEIXES(Mt 13:47)
1. Os peixes que caem na rede – Foi dito no item 2 do tópico I, que a rede foi feita para apanhar toda espécie de peixes. Não há pessoa, não há grupo, não há etnia, não há tipo de gente que esteja excluída da mensagem do Evangelho. O texto sagrado diz que foram alcançados os peixes de todas as qualidades, ou seja, não houve nenhuma espécie que ficasse de fora. As igrejas locais, portanto, não podem deixar de ser sensíveis ao mar, ou seja, devem saber exatamente quais são os peixes que precisam ser apanhados.
A rede ficava suspensa na água como uma cerca, flutuando graças ao uso de rolhas e que se mantinha na vertical graças a pedras que eram colocas nas beiradas. Um barco fazia um círculo com a rede, os dois barcos a suspendiam e faziam uma varredura em direção à praia e, neste processo, todos os peixes que estavam no caminho eram apanhados. Este processo indica-nos que o Evangelho é universal, ou seja, deve ser pregado a todos os homens, deve ser capaz de atingir a todos os seres humanos, como a rede atinge a todos os peixes que encontra pelo caminho pelo qual é levado em direção à praia pelos pescadores. Jesus, na Grande Comissão, disse que o evangelho deveria ser pregado em todo o mundo, a toda a criatura. Aqui está o verdadeiro universalismo do Evangelho, o seu caráter eminentemente “católico” (a palavra “católico” significa universal em grego). A mensagem do Evangelho deve atingir todos os homens. Não pode haver discriminação, distinção, acepção ou qualquer forma de exclusão do Evangelho e a Igreja deve sempre lutar para que sejam mantidas condições na sociedade para que ela possa atingir a todos. Os peixes representam estes todos, enfim, os peixes são a humanidade, que vive perdida no mundo, que vive perdida no mar.
2. Os peixes bons e ruins - Não bastasse o fato de a rede apanhar toda a qualidade de peixes, Jesus, na continuidade da parábola, disse que a rede, apesar das muitas espécies existentes no mar da Galiléia, só apanhou dois tipos de peixes: os peixes bons e os peixes ruins. A primeira lição que temos é que o Evangelho, ou seja, a rede apanha tanto peixes bons quanto peixes ruins. O fato de ser apanhado pela rede e carregado em direção à praia não significa afirmar que as pessoas já estão salvas e já alcançaram a vida eterna. Ao contrário dos defensores da tese que “uma vez salvo, salvo para sempre”, a parábola ensina-nos, claramente, que os peixes que são apanhados pela rede, ou seja, aqueles que ouviram e foram tocados pela mensagem evangélica e mudaram a sua direção de vida, precisam ser peixes bons para que alcancem a eternidade.
Os peixes bons são, portanto, os filhos do reino, assim como o que foi semeado em boa semente, o trigo ajuntado no celeiro, a mostarda que foi colhida, o homem que comprou o campo e se tornou dono do tesouro. Os peixes bons chegam à praia, são recolhidos pelos anjos e postos em vasos, para permanecerem para sempre fora do mar. São os salvos, são os remidos, são os moradores da Nova Jerusalém. Já os peixes ruins são os filhos do maligno, assim como os que foram semeados nos terrenos da morte, como o joio que foi atado e lançado ao fogo, como as aves que estavam na mostarda, com aqueles que não acharam o Tesouro. Os peixes ruins, embora tenham sido apanhados pela rede, arrastados até a praia, quando lá chegaram, foram inspecionados e achados ruins, de má qualidade, tendo, então, como era costume naquele tempo, sido lançados fora, ou seja, jogados novamente no mar . De nada adianta pertencer ao grupo social reconhecido como igreja, de nada adianta apresentar-se como cristão em meio ao mundo, se o peixe não for bom. Embora aparentemente ele esteja caminhando para o reino de Deus, na verdade, na hora decisiva, ele será detectado como peixe ruim, como peixe que está fora dos parâmetros da lei do Senhor, como alguém que pratica a iniqüidade e, por isso, será lançado fora, será novamente jogado ao mar, onde perecerá juntamente com os que não foram apanhados.
V – OPAPEL DOS ANJOS NO FINAL DOS TEMPOS( Mt 13:49,50)
Esta parte da parábola é explicada pelo próprio Jesus, logo não cabe qualquer discussão com relação a sua autenticidade, haja vista que fora feita pelo próprio autor da parábola. Jesus diz que, assim como os pescadores se sentavam, depois de trazer os peixes para a praia, e separavam os peixes bons dos ruins, assim, no fim do mundo, os anjos sairiam e separariam os maus dentre os justos (Mt.13:48).
Em primeiro lugar, observemos que Jesus faz uma comparação entre o gesto comum dos pescadores de selecionarem os peixes com a ação que os anjos farão no fim do mundo. Assim, trata-se de uma comparação que Jesus faz, no ambiente da parábola, com uma ação que os anjos desencadearão quando estivermos no final da história humana, na ocasião do julgamento final, exatamente como já havia dito na explicação da parábola do joio e do trigo, onde também os seres angelicais são mencionados (Mt.13:40,41).
Em segundo lugar, vemos que os anjos são destacados tão somente para fazer a separação entre os peixes bons e os peixes ruins, ou seja, a atividade angelical se limita ao instante em que será feita a separação para a realização do julgamento. Na dispensação da graça, os anjos não têm qualquer outro trabalho senão o de ministrar a favor daqueles que hão de herdar a salvação (Hb.1:14). Enquanto a Igreja está neste mundo, cabe a ela a pregação do evangelho ao mundo, isto é, o lançamento da rede ao mar. Cabe, também, à Igreja, representada pelos pescadores, levar a rede até a praia [chegar à praia significa chegar ao fim do mundo, o fim da era, o fim da oportunidade de arrependimento para o homem]. Os anjos só ministram a favor dos crentes nesta dispensação, por ordem do Senhor, como também terão participação, a começar do arcanjo(I Ts.4:16), quando do arrebatamento da Igreja, participação absolutamente secundária, já que será o próprio Deus quem atuará neste instante sublime que tanto aguardamos.
Com o arrebatamento da Igreja, ela será substituída pelos 144.000 e pelas duas testemunhas na primeira parte da Grande Tribulação(Ap.11:1-10;14:1-5). Na segunda metade da Grande Tribulação, porém, diante da morte de todos os que aceitaram a Cristo (inclusive das duas testemunhas), Deus intervirá a favor do homem, mandando pregar o chamado evangelho eterno, por meio de um ser angelical(Ap.14:6,7). Depois virá o juízo correspondente à incredulidade dos que adoraram a besta e se iniciará o milênio, quando, então, Israel se tornará o reino sacerdotal planejado por Deus desde a sua escolha. Findo o milênio, com a rebelião final, acabará também a história humana e, então, os anjos serão chamados para fazer o recolhimento de todos os peixes bons e maus para o julgamento (Ap.20:12,13).
VI – CONCLUSÃO
E, estando cheia, a puxam para a praia e, assentando-se, apanham para os cestos os bons; os ruins, porém, lançam fora”(Mt 13:48). A Rede continua apanhando “toda qualidade de peixes”. O tempo de Deus ainda não terminou. A oportunidade continua sendo oferecida; a porta da Graça ainda está aberta. Uma das características da Rede é que ela apanha tudo. Isto pode significar que a oportunidade é oferecida, igualmente, a todos – “porque para com Deus, não há acepção de pessoas”(Rm 2:11). Deus, contudo, sabe quanto falta para que a Rede esteja cheia. Quando isto acontecer, então a Rede será puxada para a praia, e, então, haverá a separação entre os “peixes bons” e os “peixes ruins”. Estar dentro da Rede não significa estar no Corpo Místico de Cristo. Eles estão, e aqui continuarão juntos. Mas, na eternidade, certamente estarão separados, porque, quer o homem creia, ou não, salvação e condenação são duas verdades bíblicas! Somente aqueles que deixarem o mundo, que não se envolverem com as coisas desta vida terão a oportunidade de desfrutarem da vida eterna com o Senhor. “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele” (I Jo.2:15). “ Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem.” (Jo.15:6).
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD/Assembléia de Deus –Ministério Bela Vista/Fortaleza-CE.
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Bibliografia: Comentário Bíblico do Prof. Dr. Caramuru Afonso Francisco, Prof Antonio Sebastião da Silva; Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal.