30 de out. de 2010

A EXPANSÃO DO REINO DE DEUS

Leitura Bíblica: Mateus 13:31,32 ; Atos 2:44-47

INTRODUÇÃO

Continuando o estudo das Parábolas, estaremos estudando a Parábola do grão de mostarda, que é a terceira narrada em Mateus 13, onde Jesus, ainda tratando do reino de Deus, fala, agora, acerca de sua expansão, a qual é uma realidade, mas que tem de ser analisada sob o aspecto espiritual, pois o reino de Deus não é deste mundo (cfr. Jo.18:36a). Esta parábola não foi interpretada por Jesus, ao contrário das duas já estudadas (a do semeador e a do joio e trigo), não se tendo, portanto, a tranqüilidade dos casos anteriores, onde não cabe discussão, já que a interpretação se encontra registrada na própria Bíblia Sagrada. Não é, portanto, surpresa que encontremos idéias tão díspares entre os ensinadores dos textos sagrados. Devemos, entretanto, ser cautelosos na interpretação, lembrando, sempre, que uma parábola não pode dar origem a qualquer doutrina, pois é uma explicação, uma ilustração de uma doutrina, bem como, também, procurar encontrar respaldo dos pensamentos e das interpretações em outras passagens bíblicas, pois, como diz a própria Bíblia, “…nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação, porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (II Pe.1:20b,21).O objetivo de Jesus, nesta parábola, é fazer uma ilustração do que seja o reino de Deus. Na narrativa de Mateus, Jesus já havia falado a respeito da boa terra, que era o que foi semeado pela Palavra de Deus, ouviu e compreendeu a Palavra, deu fruto e produziu (Mt.13:23), como também da boa semente, que eram “os filhos do reino” (Mt.13:38), que, como trigo, seriam ajuntados no celeiro. Agora, vai dar uma idéia do que é o reino dos céus ou reino de Deus. Para tanto, usa da figura do grão de mostarda.

Considerações Preliminares

Assim como o Senhor Jesus deixou claro que a Verdade Central da Parábola do Semeador é a necessidade de que sua Palavra seja ensinada, e pregada, em todo o mundo e a todas as criaturas, e que a da Parábola do Trigo e do Joio é a necessidade da convivência entre o Bem e o Mal enquanto a Igreja estiver aqui na Terra, sendo que a separação será feita “por ocasião da ceifa”, assim, também, o Espírito Santo, como representante de Jesus, aqui na Terra, tem dado entendimento aos homens de Deus, aos teólogos e comentaristas responsáveis, idôneos e tementes a Deus sobre a Verdade Central da Parábola do Grão de Mostarda. Existe, portanto, um entendimento comum, ou um consenso de que, ao propor esta Parábola, o Senhor Jesus quis revelar como aconteceria A Expansão do Reino dos Céus, ou, como seria o Crescimento de sua Igreja, após ter tido um inicio revestido de muita humildade, sem qualquer aparência exterior, quase imperceptível aos olhos dos homens, ou à semelhança de um grão de mostarda que um homem, pegando dele, semeou no seu campo. Contudo, apesar de um começo sem toques de trombetas”, tal como uma hortaliça, a Igreja teria um rápido crescimento, da mesma forma que o pé de mostarda que “...crescendo, é a maior das plantas e faz-se uma árvore”, visto que embora sendo uma hortaliça, chega a atingir até quatro metros de altura. Nós acrescentamos que a Igreja do Senhor, contida no cristianismo, se destacaria na imensa Horta na qual o grão de mostarda foi plantado, que seria, infinitamente maior, do alto dos quatro metros de altura do Pé de Mostarda, deixando lá em baixo, sob ou rastejando sobre a Terra, os pés de pepinos, alface, couve e diversas outras hortaliças que bem podem representar as “grandes religiões” fundadas por homens como Confúcio, Buda, Maomé, e tantos outros. Existe, pois, um consenso sobre A Verdade Central que o Senhor Jesus quis revelar ao propor A Parábola do Grão de Mostarda. Ela diz respeito ao crescimento da Igreja que foi fundada no calvário, inaugurada no pentecoste, e que, hoje, está em toda a Terra, mas que, em breve estará no Céu.

A Igreja do Senhor Jesus começou à semelhança de “um grão de Mostarda”. Tão pequeno, quase imperceptível, sem nenhuma aparência exterior, foi assim que tudo começou quando “...o Semeador saiu a semear”. O Semeador não era um professor, um pós-graduado numa Universidade famosa como a nossa USP, a SORBONE, dos franceses, a HARVARD, dos americanos, ou nem mesmo numa famosa, daquela época, situada em Roma, em Alexandria, ou em Jerusalém. Pelo contrário, o Semeador, diante dos mestres de Israel, dos escribas, dos fariseus, dos sacerdotes, do ponto de vista humano, era como “um grão de mostarda”, pois era, apenas, um jovem carpinteiro que cresceu, trabalhou e estudou na humilde aldeia de Nazaré, na Galiléia, de onde, segundo observou Natanael, “alguma coisa boa” não podia vir (João 1:46). O Semeador por ser semelhante “ao grão de mostarda”, um carpinteiro, e filho de carpinteiro, que nunca tinha estudado numa escola famosa, quando pela primeira vez ensinou na sinagoga de sua cidade, embora seus conterrâneos se maravilhassem “...das palavras de graça que saiam de sua boca...”, o discriminaram, e não aceitaram seu ensino, dizendo: “Não é este o filho de José?”... “E levantando-se, o expulsaram da cidade e o levaram até o cume do monte em que a cidade deles estava edificada, para dali o precipitarem”( Lucas 2:22-29).

Nesta Lição, contudo, vamos aprender que “o grão de mostarda” cresceu, fez-se árvore, estendeu “seus ramos”, alcançou toda a Terra, e é hoje esta “...Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível”( Efésios 5:27).

I – A SEMENTE DE MOSTARDA(Mt 13:31)

1) O grão de mostarda(v.31) – A palavra mostarda é de origem egípcia(sinapis) e aparece por cinco vezes nos três primeiros Evangelhos(Mt 13:31;17:20; Mc 4:31; Lc 13:19:17:6). Famosa como condimento ou por suas propriedades medicinais, a mostarda era tida pelos antigos helenos como um presente do deus da cura, Asclépio (ou Esculápio), e era usada como alívio para dores musculares. É uma das mais antigas hortaliças conhecidas, tendo sido utilizada, desde as mais remotas eras, para a produção de condimentos. É popularmente conhecida como tempero inseparável de hot-dogs,. Sua história pode ser traçada até três mil anos atrás, quando era amplamente utilizada por egípcios, gregos, romanos e povos asiáticos.

Não resta dúvida de que a ilustração feita por Jesus pegou a todos de surpresa. Ao falar no reino dos céus (ou reino de Deus, nos evangelhos segundo escreveram Marcos e Lucas), seria natural que os ouvintes do Mestre se voltassem aos tempos gloriosos do reinado de Salomão, ou, quem sabe, ao período de grandes vitórias militares de Davi. Até mesmo, alguém poderia esperar que Jesus fosse comparar o reino de Deus à glória de Roma, então a senhora do mundo, ou aos esplendores passados dos impérios babilônio, persa ou grego, mas, ao trazer a figura do reino de Deus, Jesus não usa de coisa alguma que fosse humana. Talvez se esperasse que a melhor imagem do reino de Deus fosse o leão, este majestoso animal que, até hoje, é denominado de “o rei dos animais”. Aliás, não era o leão o símbolo da tribo de Judá, a tribo real, a descendência de Davi, de onde proviria o Messias (Gn.49:9)? E se fosse escolhida uma imagem no reino vegetal, não seria o reino de Deus apropriadamente representado pela oliveira, ou, então, pela figueira ou a videira, árvores excelentes, que tanto bem traziam ao ser humano e cujos frutos eram assaz benéficos e desejáveis e que, inclusive, já tinham tido suas virtudes mencionadas em conhecida parábola das Escrituras hebraicas (Jz.9:8-13)? No entanto, Jesus preferiu apresentar como figura do reino de Deus o grão de mostarda. Jesus queria que os discípulos entendessem que mesmo uma semente tão pequena é capaz de produzir um grande resultado.

2) A lição dos contrastes - O reino de Deus é comparado ao grão de mostarda, algo comum, algo insignificante, pois o grão de mostarda é uma das menores sementes de hortaliças, para dizer, do seu inigualável modo de ensinar, que o reino de Deus, da mesma maneira, é, inicialmente, algo muito pequeno e insignificante, aos olhos da sociedade, assim como o grão de mostarda. Jesus não escolheu o grão de mostarda por acaso. A mostarda é, talvez, o mais eloqüente exemplo de crescimento que existe, pois, sendo a sua semente uma das menores que existe, é a maior das hortaliças, alcançando, no seu ano de vida, um crescimento vertiginoso. Muitos procuram objetar a parábola, dizendo que existem árvores maiores do que a mostarda, o que leva, inclusive, alguns estudiosos a, desesperadamente, quererem provar que, no Oriente, os pés de mostarda alcançam grandes alturas, como se isto fosse essencial para atribuir veracidade aos ensinos de Jesus. Jesus, aqui, não está preocupado com o valor absoluto, ou seja, com o tamanho da mostarda diante de outras árvores, mas, sim, com o valor relativo, isto é, com a grande diferença entre o tamanho da semente e o crescimento alcançado pela planta e tudo isto num pequeno intervalo de tempo, já que, como dissemos, a mostarda tem uma duração de vida bem curta (no Brasil, a EMBRAPA estima em 130 dias o período de colheita depois da semeadura).

A comparação com o grão de mostarda tem a ver, portanto, com o crescimento do reino de Deus. O reino de Deus, embora seja insignificante em seu início, não tenha qualquer parecer ou formosura, a exemplo do seu introdutor(Jesus)-Isaias 53:2, uma vez plantado, tem um crescimento rápido e espantoso, crescimento este que, também, ao contrário das árvores perenes, que perduraram por anos (algumas até por séculos, como é o caso das sequóias e dos carvalhos), é uma instituição que não foi feita para durar, mas para ser, também, rapidamente colhida assim que seu fruto estiver pronto para ser consumido.

A obra de Deus não vive de aparência nem deve se preocupar com ela. Os testemunhos, através dos séculos da história da igreja, sempre foram os mesmos: o trabalhar de Deus começou de modo insignificante, totalmente despercebido dos homens, mas teve sempre um crescimento vertiginoso, rápido e inimaginável. Quem poderia achar que uma pequena reunião, como as que começaram a se realizar na famosa rua Azuza, nos Estados Unidos, iria redundar no movimento pentecostal que existe há pouco mais de cem anos e que está em todo o mundo? Quem poderia ver em dois estrangeiros que viam mangas em Belém do Pará, sem saber o que eram, os iniciadores de um movimento como são as Assembléias de Deus no Brasil, pouco mais de 90 anos depois? Este é o trabalhar do reino de Deus e Jesus nos ensina que assim há de ser até o dia em que se der o final desta dispensação.

3) O poder misterioso da fé - O grão de mostarda, em outra ocasião, foi usado por Jesus para outra comparação, desta feita, com a fé. Em Mt.17:20, Jesus recomenda os discípulos a terem uma fé como um grão de mostarda, passagem que, aliás, é mal interpretada, pois se costuma dizer que se a fé tiver o tamanho de um grão de mostarda, teremos o suficiente para transpor os montes, quando, na verdade, Jesus, aqui, uma vez mais, retoma a ilustração do grão de mostarda para nos ensinar que a fé é algo que tem condições de crescer vertiginosamente, assim como o pequenino grão de mostarda dá origem à maior das hortaliças. Esta comparação de Jesus com o grão de mostarda para nos indicar a fé, serve-nos, também, para entender que é Jesus quem lança no mundo a fé. Por isso, certa feita, o Senhor indagou aos seus discípulos se, porventura, o Filho do homem acharia fé na terra (Lc.18:8b). A fé não pode ser produzida pelo homem, tem de ser lançada pelo semeador, pelo homem da parábola do grão de mostarda, que a lançou na horta (Lc.13:19). A fé salvadora é um dom de Deus (Ef.2:8), vem pelo ouvir pela Palavra de Deus (Rm.10:17). Portanto, para que se tenha o início do crescimento do reino de Deus, faz-se necessário, em primeiro lugar, que o grão de mostarda seja plantado, e esta plantação somente se dará mediante a pregação da Palavra de Deus.

4) O campo de semeadura(v.31) - “...O Reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem, pegando dele, semeou no seu campo”(Mt 13:31). Há quem afirme que o “campo é um sistema de ação demoníaca comandado pelo Diabo” visto que “todo o mundo está no maligno”(I João 5:19). Para nós, o campo é o mesmo tanto na Parábola do Semeador, na do Trigo e do Joio, como, também, na do Grão de Mostarda. O campo é, na verdade, o mundo, mas, não o mundo, no sentido espiritual, aquele que “está no maligno”, mas, no sentido físico, aquele que tem como sua base territorial, a Terra. O Dono do Campo também é o mesmo nas três Parábolas, sendo aquele que disse : “...toda a terra é minha”(Êx 19:5). É, pois, na Terra o “campo” onde a Igreja, como representante do Reino de Deus, está sendo formada.

As sete Parábolas descritas no capitulo 13, de Mateus, retratam a história da Igreja, aqui na Terra, desde sua origem, à semelhança do “grão de mostarda” até o Dia do Arrebatamento, então, como sendo aquela “...Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível”(Ef 5:27). Assim, se lá no principio, ela foi fundada sem qualquer “aparência exterior”, aqui ela é descrita por Paulo como sendo uma Igreja Gloriosa. Assim, se lá no principio, estavam reunidos no Cenáculo apenas “quase cento e vinte pessoas”(Atos 1:15), no futuro, lá no céu, o apóstolo João que havia dado o número dos anjos como sendo de “milhões de milhões e milhares de milhares”(Ap 5:11), não arriscou um número para calcular a multidão que compunha a Igreja, limitando-se a dizer: “Depois destas coisas, olhei, e eis aqui um multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, e povos, e línguas, estavam diante do trono e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos”(Ap 7:9). E pensar que tudo começou à semelhança de “um Grão de Mostarda”!!!

5) A lição do crescimento - A Bíblia diz que temos de ser imitadores de Cristo (I Co.11:1).Paulo, nesta passagem, diz que imitou Jesus e, com efeito, quando lemos I Co.3:6, vemos que, efetivamente, o apóstolo plantou o grão de mostarda. O grão de mostarda é, na espécie mais conhecida, de cor negra, sem qualquer beleza exterior e que tem um gosto azedo, picante, que só se tornará a conhecida “mostarda” dos nossos hot-dogs depois de devidamente misturada com sal, vinagre e outras plantas aromáticas. Assim é o Evangelho que temos de pregar: simples, insignificante, que é azedo, ou seja, incomoda e nos obriga a mudar de vida, mas que nos permitirá ter um crescimento espiritual inigualável e nos levará para as mansões celestiais, não só a nós mas a tantos quantos se arrependerem de seus pecados (aliás, por ser azedo é que o evangelho leva o homem ao arrependimento e confissão de seus pecados, que é o primeiro passo para a salvação). Um fato deve ser salientado, é que Jesus não estava apenas empenhado em crescimento numérico de discípulos, mas também em mostrar outro elemento fundamental para se avaliar o desenvolvimento do Reino de Deus: o qualitativo.

II – A GRANDE ÁRVORE(Mt 13:32)

1) A forma de crescimento - “...mas, crescendo, é a maior das plantas”. Como a Verdade Central desta Parábola era a de ensinar sobre o rápido crescimento da Igreja, embora começando sem qualquer aparência exterior, é claro que o Senhor Jesus não iria usar a figura de uma árvore, como a figueira, ou a oliveira, ou qualquer outra que demorasse muitos anos para se desenvolver, e dar frutos. Por falta de conhecimento sobre a interpretação das Parábolas, muitos não entendem porque ele usou o Grão de Mostarda. Ele usou, certamente, porque a mostarda é uma das hortaliças e as hortaliças crescem de uma maneira muito mais rápida que as árvores de outras espécies. Com efeito, a Igreja que começou com “o Semeador” que “saiu a semear”, que foi inaugurada no Pentecoste, quando ali no Cenáculo estavam reunidos “quase cento e vinte pessoas”(Atos 1:15), começou a crescer tal como cresce uma hortaliça, conforme podemos constatar pelo livro de Atos dos Apóstolos. Logo no dia da inauguração, após a pregação de Pedro, “O Pé de Mostarda” teve um considerável crescimento – “...agregaram-se quase três mil almas”(Atos 2:41). O Pé de Mostarda não parou mais de crescer. Em Atos 4:4 lemos que “Muitos dos que ouviram a palavra creram, e chegou o número desses homens a “quase cinco mil”. O número, agora já não dava para contar, falava-se em multidão – “E a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como mulheres, crescia cada vez mais”(Atos 5:14). Depois passou a falar-se em multiplicação – “E crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos e grande parte dos Sacerdotes obedecia a fé “(Atos 6:7). Em seu crescimento, “ O Pé de Mostarda” começou a estender “seus ramos” para fora de Jerusalém – formavam-se as Igrejas Locais – como projeção dos “Ramos”- “...as igreja em toda a Judéia, e Galiléia, e Samaria tinham paz e eram edificadas, e se multiplicavam”(Atos 9:31).A Igreja cresceu tal como cresce uma hortaliça, no caso, a mostarda. Mostrar esse crescimento foi, de fato, o objetivo da Parábola do Grão de Mostarda. Pouco mais de trinta anos depois de sua fundação, a Igreja já havia alcançado todo o Império Romano, o que significa dizer que a Igreja havia chegado “...aos confins da terra”(Atos 1:8), conforme declaração de Paulo, quando falando do “...evangelho que já chegou a vós, como também está em todo o mundo”(Cl 1:5-6). Continuando a crescer... Chegou até nós!

2) As ameaças ao crescimento - O crescimento do reino de Deus sempre tem gerado o surgimento de ninhos de aves dos céus no meio do povo de Deus, com grandes malefícios para a obra de Deus. Quando olhamos o nosso país, neste início do século XXI, não podemos deixar de ver a repetição do que aconteceu nos dias de Constantino. Hoje, o povo de Deus já não é mais tão perseguido como antigamente, mas a arma do inimigo não tem sido mais o uso de fogueiras de bíblias ou as pedras que, décadas atrás, eram atiradas nos pequenos salõezinhos ou humildes templos dos nossos irmãos. Hoje em dia, o adversário não mais precisa fazer uso destes expedientes, porque já tem grandes ninhos na mostarda adulta, ninhos como os interesses político-partidários de alguns, o mercantilismo de outros, a vida fácil e luxuosa de muitos. Para muitos, as igrejas locais passaram a ser meio de vida, fonte de sobrevivência, causa de lucro, assim como fora predito nas Santas Escrituras (II Pe.2:1-3). O resultado deste estado de coisas é o prejuízo para a obra de Deus, o início da perda de esplendor da mostarda adulta.

3) O significado de “grande árvore”(v.32) -- “...o qual é realmentee a menor de todas as sementes; mas, crescendo, é a maior das plantas e se faz árvore...”(Mt 13). O maior problema dos diversos teólogos, e Comentaristas está no fato do Crescimento do Grão de Mostarda, que, “crescendo, é a maior das plantas e se faz uma árvore”. Lucas complica ainda mais a situação ao acrescentar a expressão “grande”- “...e fez-se grande árvore...”(Lc 13:19). Assim, muitos dos “nossos” comentaristas, sem, contudo, fugirem da Verdade Central da Parábola, classificam este crescimento de anormal. Do ponto de vista material, a expressão “crescendo é a maior das plantas e faz-se uma árvore” não é de difícil entendimento. Jesus era um Galileu e, naquele momento estava falando aos galileus, na sua grande maioria, agricultores, homens que conheciam a terra e as sementes que nela eram semeadas naquela região. Sabiam que a semente da mostarda era a menor de todas as sementes que eles semeavam. Sabiam, também, que o pé de mostarda, chamado de mostardeira, como hortaliça, era “a maior das plantas”, pois podia chegar, como eles afirmavam, até a altura de “um homem à cavalo. Nós, hoje, dizemos que, em média, o pé de mostarda alcança entre 3 e 4 metros de altura. Assim, como Jesus, em suas Parábolas, usava sempre as coisas que os seus ouvintes conheciam, ou seja, as coisas vistas, ou usadas no dia a dia, nenhum agricultor Galileu estranhou sua afirmação. É claro, portanto, que a expressão usada por Jesus de que “o grão de mostarda” “...crescendo, é a maior das plantas e faz-se arvore”, estava relacionada às demais plantas de sua espécie, ou seja, entre as plantas herbáceas e leguminosas, cultivadas em hortas, e empregadas na alimentação humana, como couve, alface, cenoura, e tantas outras. Numa horta onde haja diversas hortaliças, existindo um pé de mostarda, certamente que ele se destacará por ser “a maior das plantas”, tal como uma árvore. Na grande Horta, formada por toda Terra, “O pé de mostarda”, ou a Igreja do Senhor Jesus Cristo tem que se destacar dentre todas as demais “hortaliças” cultivadas pelos homens. Certamente que não foi sem razão que Jesus fez uso do “Grão de Mostarda” para ensinar sobre o Crescimento da Igreja. Acreditamos que, se o seu objetivo fosse o de ensinar sobre o esplendor e a firmeza de sua Igreja, então teria usado o cedro, como fez no Antigo Testamento, em referencia ao seu Reino, no futuro, ou seja o Reino Milenial(Ler Ez 17:22-23). Lá na Galiléia, o objetivo de Jesus era ensinar sobre a Expansão do Reino dos Céus. Por Isto usou uma hortaliça, porque a hortaliça não leva dezenas de anos para crescer, e dar frutos, tal como uma figueira. Assim, o fato do “Grão de mostarda” “...crescendo” tornar-se a maior de todas as hortaliças, é fácil de entender. Porém, o fato de tornar-se uma grande árvore” em cujos ramos se “aninham” as aves do céu, parece, realmente, haver um mistério. Paulo diria – “Grande é este mistério...” (Ef 5:22). Mistério é tudo aquilo que a razão não pode explicar, ou compreender. Assim, para nós há um mistério que envolve o Crescimento da Igreja. Certamente que ninguém nunca pôde explicar, ou compreender; ninguém, hoje, pode explicar, ou compreender; ninguém poderá, amanhã, explicar, ou compreender o Mistério do Crescimento da Igreja. Um “pé de hortaliça” espalhar seus “ramos” por toda Terra é um milagre – mas, ninguém poderá ser crente se não puder crer em milagres. O Milagre contraria as leis da natureza. Por isto não é explicável pela Ciência, ou pela razão humana. É possível que o Senhor Jesus quisesse ensinar que o Crescimento da Igreja seria para o mundo um mistério, e para nós, um milagre. Como ninguém perguntou como isto aconteceria, então ele deixou para que nós tentássemos descobrir.

A Igreja, cerca de 33 ou 34 anos após sua fundação, já estava “em todo o mundo”, conforme declarou Paulo, falando do “...evangelho que já chegou a vós, como também está em todo o mundo...”(Cl 1:5-6). O “Pé de Mostarda”, ou a Mostardeira continuou através dos séculos a estender seus ramos por toda a Terra... e chegou até nós! Assim, em lugar de vermos um crescimento anormal, no sentido deformativo, preferimos ver o crescimento da Igreja como a operação de um milagre, no sentido positivo, promovendo o crescimento do Corpo de Cristo.

III – AS AVES DO CÉU(Mt 13:32)

“...de sorte que vêm as aves do céu e se aninham nos seus ramos”. A maioria dos comentariastas divergem sobre a simbologia das “aves do céu” que “se aninham” nos “ramos” do “pé de mostarda”. Entendem uns que elas representam “Satanás e seus demônios”, o que nos causa estranheza. No caso do Joio, o Senhor disse que ele foi semeado “no meio do trigo”, ou seja, entre os pés de trigo. Porém, as aves não fazem seus ninhos entre os ramos, mas, nos ramos. Assim, temos dificuldade para aceitar Satanás e seus demônios “aninhados” na Igreja, que é a Noiva do Cordeiro. Não podemos aceitar esta interpretação.

Outros afirmam que essas “aves do céu” representam os pecadores, os incrédulos, na pessoa de políticos e outros oportunistas que procuram se infiltrar na Igreja, com aparência de crente, para dela tirar algum tipo de vantagens pessoais, e materiais. Porém, a maioria dos crentes discordam, também, sejam esses “oportunistas” estas “aves do céu”, embora acreditemos que eles, de fato, estejam infiltrados no meio do Povo de Deus, mas, na condição de Joio, conforme o Senhor Jesus se referiu na parábola do Trigo e do Joio.

Outros identificam “as aves do Céu” como sendo os gentios, que desde o Centurião Cornélio, sua família, e seus amigos, continuam encontrando nos “Ramos do Pé de Mostarda”, um lugar seguro onde podem descansar, após aceitarem o convite de Jesus – “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei”(Mt 11:28). Certamente que a Horta onde o “Grão de Mostarda” foi semeado, não era, apenas, o território da Nação de Israel.

Nós concordamos que as “aves do Céu” simbolizam os gentios. Ora, sabemos que os gentios são, precisamente, as nações que, desde Babel, se rebelaram contra Deus e se puseram sob o domínio do pecado. Os gentios são, exatamente, aqueles que não se convertem a Deus e que fazem parte deste sistema mundial que somente será destruído por ocasião da derrota do Anticristo e do Falso Profeta no Armagedom. Deste modo, como são filhos da desobediência, verdadeiros filhos do diabo, vemos até como filigrana a discussão de alguns no sentido de identificar estas aves como pessoas sob o domínio do diabo ou com o próprio diabo e seus anjos. Podemos dizer que as aves simbolizam tanto um quanto outro, pois, quando as pessoas agem sob a influência de Satanás, é como se o próprio Satanás esteja agindo, como, aliás, bem demonstrou Jesus no episódio em que Pedro foi usado pelo diabo (Mt.16:22,23), episódio, aliás, que ocorreu pouco depois de Jesus ter dito que as portas do inferno não prevaleceriam contra a Igreja. Oportunista por excelência, o diabo usa do próprio crescimento do reino de Deus para tentar destruir a obra de Deus. Seu trabalho é matar, roubar e destruir (Jo.10:10), não medindo esforços para tentar cirandar com os servos de Deus (Lc.22:31). Ele está sempre rugindo como leão buscando a quem possa tragar (I Pe.5:8). O diabo é nosso adversário e, por isso, é chamado de “Satanás”, que, em hebraico, significa “adversário”. O próprio crescimento da obra de Deus é uma oportunidade que, se não vigiarmos, será criada pelo diabo para criar ninhos no meio do povo de Deus e ali estabelecer suas cidadelas, seus agentes, de modo a trazer confusão e prejuízo ao reino de Deus. Na própria história da Igreja, temos visto isto acontecer. O desvio espiritual que gerou o “cristianismo apóstata” é produto direto do crescimento do reino de Deus. O final da perseguição, o reconhecimento da liberdade de culto para os cristãos no Império Romano, que era um nítido triunfo, uma bênção para o reino de Deus, transformou-se em uma armadilha na qual cedo caíram muitos que, embriagados pelo poder terreno, acabaram por permitir a entrada indiscriminada do paganismo no meio do reino de Deus, a ponto até de o bispo de Roma ter se tornado o sacerdote supremo do culto babilônico ! O resultado é o que vemos hoje, um “cristianismo” que segue dogmas, festas e preceitos totalmente dissociados dos ensinos da Palavra de Deus, Palavra esta, aliás, que chegou a ser um dos “livros proibidos” nos tempos negros da Inquisição nas Idades Média e Moderna.

Assim, embora divergindo sobre as questões secundárias, todos concordamos com a Verdade Central que fala sobre o crescimento da Igreja, ou a expansão do Reino dos Céus.

IV – CONCLUSÃO

Tomemos cuidado, porque a hora da colheita está chegando e, quando chegar a ceifa, as aves, certamente, baterão em retirada, levando consigo todos aqueles que não tiverem dado fruto, porque se desligaram da planta e se recolheram ao conforto e mordomia dos ninhos. Estes não serão colhidos, estes não serão alojados no celeiro, mas, juntamente com as aves, a quem está destinado o lago de fogo e enxofre (Mt.25:41), sofrerão eternamente (Mt.13:42).

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD/Assembléia de Deus –Ministério Bela Vista/Fortaleza-CE.

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Bibliografia: Comentário Bíblico do Prof. Dr. Caramuru Afonso Francisco, Prof Antonio Sebastião da Silva; Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal.

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